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Febre de Lassa

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A febre de Lassa é uma doença viral hemorrágica aguda causada pelo vírus Lassa, da família Arenaviridae. Esta zoonose é endémica em vários países da África Ocidental, especialmente na Nigéria, Serra Leoa, Libéria e Guiné [1][2].


A transmissão ao ser humano ocorre principalmente por contacto com alimentos ou utensílios domésticos contaminados com excretas de roedores infectados, nomeadamente do género Mastomys [1][4].


Sintomas


Os sintomas da febre de Lassa surgem entre 1 e 3 semanas após a exposição ao vírus [6]. Inicialmente, os doentes podem apresentar:


  • Febre


  • Mal-estar geral


  • Fraqueza


  • Cefaleia


  • Dor retroesternal


  • Mialgias


À medida que a doença avança, podem surgir sintomas mais graves:


  • Náuseas e vómitos


  • Diarreia


  • Dor abdominal


  • Dor de garganta


  • Tosse


  • Dor torácica


É importante referir que cerca de 80% das infeções pelo vírus Lassa são assintomáticas ou leves [1][8].


Sinais Clínicos


Os sinais clínicos da febre de Lassa podem variar em gravidade e incluem:


  • Edema facial e cervical


  • Hemorragias (oral, nasal, vaginal ou gastrointestinal)


  • Hipotensão arterial


  • Derrame pleural


  • Edema pulmonar


  • Pericardite


  • Injeção conjuntival


Um sinal característico é a perda auditiva neurossensorial, que ocorre entre 20–30% dos doentes e pode ser permanente [1][6].


Exame Físico


Durante o exame físico, deve-se observar cuidadosamente:


  • Sinais vitais, nomeadamente febre e hipotensão


  • Exame oral e faríngeo em busca de faringite ou sangramento


  • Auscultação pulmonar para detectar estertores ou derrame pleural


  • Palpação abdominal para avaliar hepatomegalia ou esplenomegalia


  • Exame neurológico, incluindo avaliação da audição


  • Inspeção da pele em busca de petéquias ou sangramento subcutâneo [1][6]


Exames Diagnósticos


O diagnóstico definitivo da febre de Lassa requer testes laboratoriais especializados, incluindo:


  • RT-PCR para deteção do ARN viral (teste mais sensível e rápido) [1][8]


  • Ensaio ELISA para identificação de anticorpos IgM e IgG [1][6]


  • Imunofluorescência indireta para confirmação de aumento ≥4× do título IgG [1]


  • Isolamento do vírus em laboratórios de biossegurança nível 4 [1][8]


Também devem ser feitos hemograma completo, perfil bioquímico e testes de coagulação para avaliar a gravidade e complicações [1][6].


Abordagem em Emergências


A gestão da febre de Lassa nos serviços de emergência requer:


  • Isolamento imediato dos doentes suspeitos para impedir transmissão hospitalar [1][6]


  • Uso de equipamento de proteção individual adequado (máscaras de alta eficácia, vestuário protetor) [1][6]


  • Tratamento com ribavirina intravenosa, preferencialmente iniciado até ao sexto dia da doença [1][6]


  • Suporte de suporte, incluindo correção hidroeletrolítica, suporte hemodinâmico e tratamento sintomático [1][6]


  • Monitorização contínua de sinais vitais, função renal e hepática, e parâmetros de coagulação [6]


  • Notificação imediata às autoridades de saúde para ativar medidas de controlo e prevenção [8]


A febre de Lassa representa um desafio significativo nas regiões endémicas. O reconhecimento precoce, diagnóstico rigoroso e gestão adequada são cruciais para melhorar os resultados clínicos e evitar a propagação da doença.


Citações


 
 
 

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