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Febre de Crimeia-Congo

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A febre hemorrágica de Crimeia-Congo (FHCC) é uma doença viral zoonótica causada por um Nairovírus da família Bunyaviridae[1]. Transmitida principalmente por carraças do género Hyalomma, esta doença representa uma ameaça grave para a saúde pública devido à sua elevada taxa de letalidade e potencial de transmissão nosocomial[2][3].


Sintomas


A FHCC caracteriza-se por um início súbito de sintomas inespecíficos após um período de incubação que varia entre 1 e 13 dias, dependendo da via de exposição[4]. Os sintomas iniciais incluem:


  • Febre alta (39–40 °C)


  • Cefaleia intensa


  • Mialgias e artralgias


  • Tonturas


  • Náuseas e vómitos


  • Diarreia


  • Dor abdominal


  • Fotofobia


Nesta fase pré-hemorrágica, também são comuns alterações abruptas de humor, confusão e irritabilidade[5].


Sinais Clínicos


À medida que a doença progride para a fase hemorrágica, surgem sinais tais como:


  • Petéquias e equimoses na pele e mucosas


  • Epistaxes


  • Hematemese


  • Melena


  • Hematúria


  • Sangramento gengival


  • Hemorragia subconjuntival


Em casos graves, podem ocorrer sintomas neurológicos como convulsões e coma[6]. A taquicardia e a hipotensão indicam evolução para choque hipovolémico[3].


Exploração Física


A avaliação deve ser rigorosa e com utilização de equipamento de proteção pessoal adequado. Os achados podem incluir:


  • Febre


  • Hipotensão


  • Taquicardia


  • Petéquias e equimoses


  • Hepatomegalia


  • Esplenomegalia


  • Sinais de hemorragia ativa em múltiplos locais


É essencial avaliar o estado neurológico, pois alterações no nível de consciência podem sinalizar complicações graves[7].


Provas Diagnósticas


O diagnóstico baseia-se numa combinação de dados clínicos e provas laboratoriais:


Provas moleculares:


  • RT-PCR para deteção de ARN viral[8]


Provas serológicas:


  • ELISA para detetar anticorpos IgM e IgG


  • Imunofluorescência indireta[9]


  • Isolamento viral em laboratórios de biossegurança nível 4


Provas laboratoriais gerais:


  • Hemograma completo (geralmente leucopenia e trombocitopenia)


  • Testes de coagulação (tempos prolongados e Dímero D elevado)


  • Função hepática (transaminases elevadas)[10]


Gestão em Situações de Emergência


O manejo da FHCC exige uma abordagem multidisciplinar e rigoroso controlo de infeções:


  • Isolamento do doente em unidade de isolamento de alto nível


  • Utilização de equipamento de proteção pessoal completo por parte do pessoal de saúde


Tratamento de suporte:


  • Gestão hemodinâmica com reposição de fluidos e produtos sanguíneos quando necessário


  • Correção de distúrbios eletrolíticos e metabólicos


  • Suporte ventilatório, se necessário


  • Consideração da ribavirina, embora a sua eficácia não esteja completamente demonstrada


  • Monitorização contínua de sinais vitais e parâmetros laboratoriais


  • Tratamento de complicações como coagulação intravascular diseminada ou falência multiorgânica


  • Notificação imediata às autoridades de saúde pública


Prognóstico


Os prognósticos variam conforme o surto, com taxas de letalidade entre 10% e 40%[1]. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são cruciais para melhor os resultados. A investigação de antivirais e vacinas continua a ser fundamental para o progresso no combate a esta doença grave.


Citações


 
 
 

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