Febre de Crimeia-Congo
- EmergenciasUNO
- 13 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
A febre hemorrágica de Crimeia-Congo (FHCC) é uma doença viral zoonótica causada por um Nairovírus da família Bunyaviridae[1]. Transmitida principalmente por carraças do género Hyalomma, esta doença representa uma ameaça grave para a saúde pública devido à sua elevada taxa de letalidade e potencial de transmissão nosocomial[2][3].
Sintomas
A FHCC caracteriza-se por um início súbito de sintomas inespecíficos após um período de incubação que varia entre 1 e 13 dias, dependendo da via de exposição[4]. Os sintomas iniciais incluem:
Febre alta (39–40 °C)
Cefaleia intensa
Mialgias e artralgias
Tonturas
Náuseas e vómitos
Diarreia
Dor abdominal
Fotofobia
Nesta fase pré-hemorrágica, também são comuns alterações abruptas de humor, confusão e irritabilidade[5].
Sinais Clínicos
À medida que a doença progride para a fase hemorrágica, surgem sinais tais como:
Petéquias e equimoses na pele e mucosas
Epistaxes
Hematemese
Melena
Hematúria
Sangramento gengival
Hemorragia subconjuntival
Em casos graves, podem ocorrer sintomas neurológicos como convulsões e coma[6]. A taquicardia e a hipotensão indicam evolução para choque hipovolémico[3].
Exploração Física
A avaliação deve ser rigorosa e com utilização de equipamento de proteção pessoal adequado. Os achados podem incluir:
Febre
Hipotensão
Taquicardia
Petéquias e equimoses
Hepatomegalia
Esplenomegalia
Sinais de hemorragia ativa em múltiplos locais
É essencial avaliar o estado neurológico, pois alterações no nível de consciência podem sinalizar complicações graves[7].
Provas Diagnósticas
O diagnóstico baseia-se numa combinação de dados clínicos e provas laboratoriais:
Provas moleculares:
RT-PCR para deteção de ARN viral[8]
Provas serológicas:
ELISA para detetar anticorpos IgM e IgG
Imunofluorescência indireta[9]
Isolamento viral em laboratórios de biossegurança nível 4
Provas laboratoriais gerais:
Hemograma completo (geralmente leucopenia e trombocitopenia)
Testes de coagulação (tempos prolongados e Dímero D elevado)
Função hepática (transaminases elevadas)[10]
Gestão em Situações de Emergência
O manejo da FHCC exige uma abordagem multidisciplinar e rigoroso controlo de infeções:
Isolamento do doente em unidade de isolamento de alto nível
Utilização de equipamento de proteção pessoal completo por parte do pessoal de saúde
Tratamento de suporte:
Gestão hemodinâmica com reposição de fluidos e produtos sanguíneos quando necessário
Correção de distúrbios eletrolíticos e metabólicos
Suporte ventilatório, se necessário
Consideração da ribavirina, embora a sua eficácia não esteja completamente demonstrada
Monitorização contínua de sinais vitais e parâmetros laboratoriais
Tratamento de complicações como coagulação intravascular diseminada ou falência multiorgânica
Notificação imediata às autoridades de saúde pública
Prognóstico
Os prognósticos variam conforme o surto, com taxas de letalidade entre 10% e 40%[1]. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são cruciais para melhor os resultados. A investigação de antivirais e vacinas continua a ser fundamental para o progresso no combate a esta doença grave.
Citações
[4]https://www.sanidad.gob.es/profesionales/saludPublica/ccayes/alertasActual/Crimea_Congo/docs/16.06.2017-Protocolo-vigilancia-FHCC.pdf
[5] https://www.elsevier.es/es-revista-enfermedades-infecciosas-microbiologia-clinica-28-articulo-manejo-terapeutico-fiebre-hemorragica-crimea-congo-S0213005X17301404
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