Espondiloartrite Seronegativa
- EmergenciasUNO

- 15 de jul.
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MANUAL DE EMERGÊNCIAS MENORES
A espondiloartrite seronegativa é um grupo de doenças inflamatórias crónicas que afetam predominantemente a coluna vertebral e as articulações sacroilíacas, podendo também envolver outras articulações periféricas e tecidos extra-articulares.
É denominada “seronegativa” porque os doentes não apresentam os autoanticorpos típicos de doenças como a artrite reumatoide (fator reumatoide ou anti-CCP).
Este grupo inclui:
Espondilite anquilosante,
Artrite reativa,
Artrite psoriática,
Artrite associada a doença inflamatória intestinal,
Espondiloartrite indiferenciada.
Um marcador genético comum nestes doentes é o HLA-B27.
Diagnóstico
O diagnóstico baseia-se na presença de dor lombar inflamatória (que melhora com o exercício e não com o repouso), rigidez matinal prolongada, podendo estar associada a:
Artrite periférica
Entesite (inflamação nos locais de inserção tendinosa)
Dactilite (dedos em “salsicha”)
A ressonância magnética (RM) é útil para identificar inflamação nas articulações sacroilíacas e na coluna vertebral. Os exames laboratoriais podem mostrar elevação dos reagentes de fase aguda, como a proteína C reativa (PCR) ou a velocidade de sedimentação globular (VSG), mas com serologia reumatoide negativa.
Diagnóstico Diferencial
Condição | Características Distintivas |
Artrite reumatoide | Poliartrite simétrica, serologias positivas (FR, anti-CCP), predomínio em pequenas articulações |
Osteoartrose | Dor articular mecânica, não inflamatória, alterações degenerativas visíveis em radiografias |
Fibromialgia | Dor musculoesquelética generalizada, ausência de sinais inflamatórios ou alterações imagiológicas |
Doença de Paget | Dor óssea, deformidades esqueléticas, níveis elevados de fosfatase alcalina |
Lúpus eritematoso sistémico | Afeção multissistémica, autoanticorpos positivos (ANA, anti-DNA) |
Abordagem na Urgência
A abordagem da espondiloartrite em contexto de urgência centra-se no controlo de exacerbações inflamatórias agudas. Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) são o tratamento de primeira linha para reduzir dor e inflamação.
Nos casos de dor severa, pode-se recorrer a injeções intra-articulares de corticosteroides ou a corticoterapia sistémica durante surtos intensos. Se houver suspeita de envolvimento extra-articular, como uveíte, deve ser feita uma referenciação urgente para reumatologia ou oftalmologia.
Tratamento Definitivo
O tratamento definitivo inclui:
Uso prolongado de AINEs
Nos casos avançados ou refratários:
Fármacos modificadores da doença biológicos, como inibidores do TNF (etanercepte, infliximabe)
Ou inibidores de interleucinas (como o secukinumabe)
A fisioterapia regular e a prática de exercício físico supervisionado são fundamentais para manter a mobilidade da coluna vertebral e prevenir rigidez. O acompanhamento por especialidades como dermatologia, gastrenterologia ou oftalmologia pode ser necessário conforme a presença de manifestações extra-articulares (uveíte, doença inflamatória intestinal, psoríase).

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