top of page

Erisipela

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A erisipela é uma infeção bacteriana aguda que afeta as camadas superficiais da pele, principalmente a derme e os vasos linfáticos subjacentes. Esta condição é causada predominantemente por estreptococos, em particular Streptococcus pyogenes, embora Staphylococcus aureus também possa estar envolvido, embora com menor frequência[1][3][5].


Sintomas


Os sintomas da erisipela geralmente surgem de forma súbita e incluem:


  • Febre alta (geralmente superior a 38 °C)


  • Arrepios


  • Mal-estar geral


  • Dor na zona afetada


  • Sensação de calor e ardor na pele[1][2][3]


É importante destacar que a febre pode preceder o aparecimento dos sinais cutâneos por algumas horas, embora possa estar ausente em cerca de 15% dos casos[6].


Sinais Clínicos


Os sinais clínicos característicos da erisipela são:


  • Placa eritematosa de cor vermelho-vivo


  • Bordos bem definidos e elevados


  • Edema local


  • Aumento da temperatura na área afetada


  • Possível formação de bolhas ou vesículas[1][2][3]


A lesão típica apresenta-se como uma placa de extensão variável, com limites bem definidos que não se confundem com a pele circundante normal. A localização mais comum é nos membros inferiores, embora também possa afetar o rosto, os braços e outras áreas do corpo[3][6].


Exploração


Durante o exame físico, o médico observará:


  • Placa eritematosa com margens definidas e elevadas


  • Pele quente e firme ao toque


  • Possível linfangite e adenopatias regionais


  • Em casos de envolvimento facial, pode haver edema palpebral[1][2][3]


É crucial investigar a presença de uma possível porta de entrada para a infeção, como pequenas feridas, fissuras interdigitais ou lesões cutâneas pré-existentes[5].


Exames Diagnósticos


O diagnóstico da erisipela é principalmente clínico, com base na história e no exame físico. No entanto, em casos complicados ou atípicos, podem ser realizados os seguintes exames:


  • Hemograma: geralmente revela leucocitose com neutrofilia


  • Proteína C reativa: níveis elevados


  • Hemoculturas: geralmente com baixo rendimento (positivas em menos de 5% dos casos)


  • Cultura do aspirado de lesões bolhosas: pode ser útil em casos selecionados


  • Títulos de antiestreptolisina O (ASO): podem estar elevados em cerca de 40% dos casos[3][4][5]


Em doentes hospitalizados, é recomendada a realização de hemoculturas, especialmente se houver sinais de infeção sistémica[5].


Abordagem em Situação de Emergência


O tratamento da erisipela no serviço de urgência deve incluir:


Antibioticoterapia:


  • Primeira linha: penicilina oral ou intravenosa, consoante a gravidade


  • Alternativas em caso de alergia à penicilina: macrólidos, clindamicina ou cefalosporinas[1][3][5]


Medidas de suporte:


  • Analgésicos e antipiréticos para controlo sintomático


  • Elevação do membro afetado para reduzir o edema


  • Hidratação adequada[2][3]


Tratamento dos fatores predisponentes:


  • Tratamento de infeções fúngicas interdigitais, se presentes


  • Cuidados com feridas ou úlceras pré-existentes[3][5]


Avaliação de critérios de internamento:


  • Sinais de infeção sistémica grave


  • Comorbilidades significativas


  • Falta de resposta ao tratamento oral[3][5]


Acompanhamento:


  • Agendar reavaliação em 48–72 horas para verificar resposta ao tratamento


  • Considerar o uso de meias de compressão para prevenir recorrências[3]


A erisipela é uma infeção cutânea aguda que exige diagnóstico precoce e antibioterapia adequada. A gestão em contexto de urgência deve centrar-se na identificação rápida dos sinais e sintomas característicos, início imediato do tratamento antimicrobiano apropriado e avaliação de possíveis complicações ou necessidade de internamento hospitalar.


Citações


 
 
 

Comments


bottom of page