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EPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica)

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (EPOC) é uma patologia respiratória progressiva, com limitação persistente do fluxo aéreo. É uma das principais causas de morbilidade e mortalidade a nível mundial, com prevalência estimada em 11,7 % na população adulta[2]. A EPOC associa-se, principalmente, ao tabagismo, embora possa também surgir por exposição a poluentes ambientais e ocupacionais[1].


Sintomas


Os sintomas característicos da EPOC incluem:


  • Dispneia progressiva, especialmente ao esforço


  • Tosse crónica, muitas vezes produtiva


  • Produção de esputo


  • Sibilos


  • Aperto torácico


Estes sintomas surgem de forma insidiosa e agravam-se progressivamente[5][9]. Em fases avançadas, os doentes podem apresentar fadiga, perda de peso e exacerbações frequentes[1][5].


Sinais clínicos


Na auscultação e exame físico podem observar-se:


  • Taquipneia em repouso


  • Uso de músculos acessórios da respiração


  • Respiração com lábios franzidos


  • Cianose central em fases avançadas


  • Tórax em tonel


  • Diminuição da expansibilidade torácica


  • Hiperressonância à percussão


  • Redução do murmúrio vesicular


  • Sibilos espiratórios[3]


Em etapas avançadas podem surgir sinais de cor pulmonale, como ingurgitação jugular e edema periférico[3].


Exame clínico


A avaliação de suspeita de EPOC inclui:


  • História clínica detalhada, incluindo exposição a fatores de risco


  • Exame físico completo


  • Avaliação da dispneia por escalas padronizadas (ex.: mMRC)


  • Valorização do estado nutricional


  • Identificação de comorbilidades associadas[2][4]


Exames complementares


O diagnóstico de EPOC confirma-se com:


  • Espirometria: padrão ouro. Diagnóstico quando VEF₁/CVF pós-broncodilatador <0,7[1][3]


  • Radiografia torácica: útil para excluir outras patologias e avaliar hiperinsuflação[3]


  • Tomografia computorizada: não indicada de rotina, mas útil para caracterizar enfisema ou descartar bronquiectasias[3]


  • Gasometria arterial: recomendada em doentes com VEF₁ < 50 % ou sinais de insuficiência respiratória[3]


  • Teste de difusão do monóxido de carbono: avalia gravidade do enfisema[9]


  • Análises sanguíneas: para detectar anemia, policitemia ou desequilíbrios eletrolíticos[9]


Manejo em Emergência


O tratamento das exacerbações agudas de EPOC em urgência inclui:


  • Oxigenoterapia controlada para manter SatO₂ entre 88‑92 %


  • Broncodilatadores de ação curta, nebulizados (salbutamol e/ou ipratrópio)


  • Corticosteroides sistémicos (prednisona 40 mg/dia durante 5 dias)


  • Antibióticos, se houver sinais de infeção bacteriana


  • Ventilação não invasiva em caso de insuficiência respiratória hipercápnica


  • Considerar ventilação mecânica invasiva em casos refratários[1][2]



A avaliação da gravidade da exacerbação e a presença de comorbilidades são cruciais para determinar o nível de cuidados e a necessidade de internamento[2].


A EPOC é uma doença complexa que exige um tratamento multidisciplinar. O diagnóstico precoce por espirometria e o manejo adequado das exacerbações são fundamentais para melhorar a qualidade de vida e o prognóstico dos doentes afetados.


Citações



 
 
 

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