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Envenenamento por Peixes com Ciguatera

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



O envenenamento por ciguatera é uma intoxicação alimentar causada pela ingestão de peixes contaminados com ciguatoxinas, neurotoxinas produzidas por dinoflagelados marinhos, principalmente do género Gambierdiscus [1][2]. Esta intoxicação é comum em regiões tropicais e subtropicais, onde os peixes de recife acumulam estas toxinas ao longo da cadeia alimentar [3].


Sintomas


Os sintomas da intoxicação por ciguatera geralmente surgem entre 2 e 24 horas após o consumo do peixe contaminado [1][2]. Os pacientes podem apresentar:


  • Sintomas gastrointestinais: náuseas, vómitos, diarreia e dor abdominal [1][2][3]


  • Sintomas neurológicos: parestesias, disestesias, formigueiro nas extremidades e na região perioral [1][2][3]


  • Alterações sensoriais: inversão da sensação térmica (sensação de frio ao tocar objetos quentes e vice-versa) [1][3]


  • Sintomas cardiovasculares: bradicardia, hipotensão [1][3]


  • Outros sintomas: fadiga, cefaleia, prurido, mialgias [1][2][3]


Sinais Clínicos


Durante o exame físico, podem observar-se:


  • Sinais de desidratação devido aos sintomas gastrointestinais [2]


  • Alterações da sensibilidade cutânea, especialmente nas extremidades e região perioral [1][3]


  • Bradicardia ou taquicardia [1][3]


  • Hipotensão arterial [1][3]


  • Em casos graves, sinais de compromisso neurológico como ataxia ou paralisia [1][3]


Exame Físico


O exame físico deve incluir:


  • Avaliação do estado de hidratação


  • Exame neurológico detalhado, incluindo testes de sensibilidade e reflexos


  • Avaliação cardiovascular, com medição da pressão arterial e da frequência cardíaca


  • Inspeção da pele para deteção de erupções cutâneas ou prurido [1][2][3]


Exames Diagnósticos


O diagnóstico da intoxicação por ciguatera baseia-se principalmente na história clínica e na ingestão recente de peixe [1][2]. Contudo, podem realizar-se exames complementares para excluir outras patologias e avaliar a gravidade:


  • Hemograma completo


  • Eletrólitos séricos


  • Provas de função hepática e renal


  • Eletrocardiograma para avaliar alterações do ritmo cardíaco [2][3]


Atualmente, não existem testes laboratoriais comerciais disponíveis para deteção de ciguatoxinas em amostras humanas. Em alguns casos, pode ser analisado o peixe ingerido para confirmar a presença de ciguatoxinas, normalmente em laboratórios especializados [1][2].


Abordagem em Situações de Emergência


O tratamento da intoxicação por ciguatera é principalmente de suporte, pois não existe antídoto específico [1][2][3]. A abordagem nas emergências inclui:


  • Estabilização do paciente: monitorização dos sinais vitais e gestão das complicações cardiovasculares, se presentes [2]


  • Hidratação: administração de fluidos intravenosos para corrigir a desidratação causada por vómitos e diarreia [2][3]


  • Controlo sintomático:


    • Antieméticos para náuseas e vómitos


    • Analgésicos para a dor


    • Anti-histamínicos para o prurido [1][2][3]


  • Manitol intravenoso: embora controverso, alguns estudos sugerem que pode aliviar sintomas neurológicos se administrado precocemente [1][3]


  • Tratamento de sintomas crónicos:


    • Gabapentina ou amitriptilina para sintomas neurológicos persistentes [1][3]


  • Educação do paciente: informar sobre a possibilidade de sintomas recorrentes e a necessidade de evitar peixe, álcool e frutos secos durante vários meses [1][3]


O prognóstico é geralmente favorável, com a maioria dos doentes a recuperar completamente em semanas ou meses. No entanto, alguns sintomas neurológicos podem persistir por períodos mais prolongados [1][2][3].


A prevenção é essencial e baseia-se na evitação do consumo de peixes grandes de recife em áreas endémicas, bem como na implementação de sistemas de vigilância e alerta por parte das autoridades de saúde pública [1][2][3].


Citações


 
 
 

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