Envenenamento por Peixes com Ciguatera
- EmergenciasUNO
- 13 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
O envenenamento por ciguatera é uma intoxicação alimentar causada pela ingestão de peixes contaminados com ciguatoxinas, neurotoxinas produzidas por dinoflagelados marinhos, principalmente do género Gambierdiscus [1][2]. Esta intoxicação é comum em regiões tropicais e subtropicais, onde os peixes de recife acumulam estas toxinas ao longo da cadeia alimentar [3].
Sintomas
Os sintomas da intoxicação por ciguatera geralmente surgem entre 2 e 24 horas após o consumo do peixe contaminado [1][2]. Os pacientes podem apresentar:
Sintomas gastrointestinais: náuseas, vómitos, diarreia e dor abdominal [1][2][3]
Sintomas neurológicos: parestesias, disestesias, formigueiro nas extremidades e na região perioral [1][2][3]
Alterações sensoriais: inversão da sensação térmica (sensação de frio ao tocar objetos quentes e vice-versa) [1][3]
Sintomas cardiovasculares: bradicardia, hipotensão [1][3]
Outros sintomas: fadiga, cefaleia, prurido, mialgias [1][2][3]
Sinais Clínicos
Durante o exame físico, podem observar-se:
Sinais de desidratação devido aos sintomas gastrointestinais [2]
Alterações da sensibilidade cutânea, especialmente nas extremidades e região perioral [1][3]
Bradicardia ou taquicardia [1][3]
Hipotensão arterial [1][3]
Em casos graves, sinais de compromisso neurológico como ataxia ou paralisia [1][3]
Exame Físico
O exame físico deve incluir:
Avaliação do estado de hidratação
Exame neurológico detalhado, incluindo testes de sensibilidade e reflexos
Avaliação cardiovascular, com medição da pressão arterial e da frequência cardíaca
Inspeção da pele para deteção de erupções cutâneas ou prurido [1][2][3]
Exames Diagnósticos
O diagnóstico da intoxicação por ciguatera baseia-se principalmente na história clínica e na ingestão recente de peixe [1][2]. Contudo, podem realizar-se exames complementares para excluir outras patologias e avaliar a gravidade:
Hemograma completo
Eletrólitos séricos
Provas de função hepática e renal
Eletrocardiograma para avaliar alterações do ritmo cardíaco [2][3]
Atualmente, não existem testes laboratoriais comerciais disponíveis para deteção de ciguatoxinas em amostras humanas. Em alguns casos, pode ser analisado o peixe ingerido para confirmar a presença de ciguatoxinas, normalmente em laboratórios especializados [1][2].
Abordagem em Situações de Emergência
O tratamento da intoxicação por ciguatera é principalmente de suporte, pois não existe antídoto específico [1][2][3]. A abordagem nas emergências inclui:
Estabilização do paciente: monitorização dos sinais vitais e gestão das complicações cardiovasculares, se presentes [2]
Hidratação: administração de fluidos intravenosos para corrigir a desidratação causada por vómitos e diarreia [2][3]
Controlo sintomático:
Antieméticos para náuseas e vómitos
Analgésicos para a dor
Anti-histamínicos para o prurido [1][2][3]
Manitol intravenoso: embora controverso, alguns estudos sugerem que pode aliviar sintomas neurológicos se administrado precocemente [1][3]
Tratamento de sintomas crónicos:
Gabapentina ou amitriptilina para sintomas neurológicos persistentes [1][3]
Educação do paciente: informar sobre a possibilidade de sintomas recorrentes e a necessidade de evitar peixe, álcool e frutos secos durante vários meses [1][3]
O prognóstico é geralmente favorável, com a maioria dos doentes a recuperar completamente em semanas ou meses. No entanto, alguns sintomas neurológicos podem persistir por períodos mais prolongados [1][2][3].
A prevenção é essencial e baseia-se na evitação do consumo de peixes grandes de recife em áreas endémicas, bem como na implementação de sistemas de vigilância e alerta por parte das autoridades de saúde pública [1][2][3].
Citações
[2] https://www.lavanguardia.com/vida/salud/enfermedades-infecciosas/20190913/47323288752/que-ciguatera-sintomas-causas-como-tratar-enfermedad.html
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