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Envenenamento por Peixe Histamínico

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



O envenenamento por peixe histamínico, também conhecido como escombroidose, é uma intoxicação alimentar frequente causada pela ingestão de peixe com níveis elevados de histamina [1][4].


Esta condição ocorre quando determinadas espécies de peixe, principalmente da família Scombridae (como atum, bonito e cavala), não são devidamente refrigeradas após a captura [1][2].


A decomposição bacteriana do peixe mal conservado provoca a descarboxilação do aminoácido L-histidina, resultando na formação de histamina e outros compostos tóxicos [1].


Sintomas


Os sintomas da escombroidose costumam surgir rapidamente, entre 15 e 90 minutos após o consumo do peixe contaminado [1]. Os sintomas mais frequentes incluem:


  • Eritema facial e do pescoço


  • Sensação de formigueiro ou ardor na boca


  • Náuseas e vómitos


  • Diarreia


  • Dor abdominal


  • Cefaleia


  • Palpitações


  • Sensação febril


  • Prurido [1][3]


Em casos mais graves, podem surgir sintomas como hipotensão, broncoespasmo e dificuldade respiratória [7].


Sinais Clínicos


Durante a avaliação física, os sinais clínicos mais frequentes incluem:


  • Eritema generalizado, especialmente na face, pescoço e tronco


  • Taquicardia


  • Urticária


  • Angioedema


  • Hiperemia conjuntival [1][3]


Em casos graves, podem observar-se sinais de choque anafilático, como hipotensão e dificuldade respiratória [1].


Exame Físico


A avaliação física deve incluir:


  • Avaliação dos sinais vitais, com ênfase na frequência cardíaca e pressão arterial


  • Inspeção da pele em busca de eritema e urticária


  • Avaliação das vias respiratórias para detetar possível edema ou broncoespasmo


  • Auscultação cardíaca e pulmonar


  • Exame abdominal [4][6]


Exames Diagnósticos


O diagnóstico da escombroidose é essencialmente clínico, baseado na história do paciente e nos sintomas apresentados [1]. Contudo, podem ser realizados exames para confirmação:


  • Dosagem de histamina no peixe consumido (valores superiores a 50 mg/100 g são considerados tóxicos) [7]


  • Dosagem de histamina na urina do paciente (embora não seja um exame de rotina) [1]


  • Análises de sangue e urina: para excluir outras causas


  • Eletrocardiograma (ECG): para avaliar possíveis arritmias [6]


Abordagem em Situações de Emergência


O tratamento da escombroidose nos serviços de urgência inclui:


  • Avaliação inicial e estabilização do paciente


  • Administração de anti-histamínicos H1, como a difenidramina, para alívio dos sintomas [3][6]


  • Em casos moderados a graves, pode considerar-se a administração de anti-histamínicos H2, como a ranitidina


  • Tratamento sintomático: antieméticos para náuseas e vómitos, analgésicos para dor abdominal ou cefaleia


  • Hidratação intravenosa se necessário


  • Em casos graves com comprometimento hemodinâmico, pode ser necessário o uso de adrenalina e corticosteroides [1][6]


  • Monitorização cardíaca em pacientes com arritmias ou sinais de compromisso cardiovascular [7]


A maioria dos casos resolve-se em 6 a 8 horas com tratamento adequado [3]. É fundamental notificar as autoridades de saúde para prevenir novos casos e garantir a destruição do peixe contaminado [6].


O envenenamento por peixe histamínico é uma intoxicação alimentar comum que pode ser confundida com alergia ao peixe.


O reconhecimento rápido dos sintomas e sinais clínicos, associado a uma gestão eficaz no serviço de urgência, é essencial para o sucesso do tratamento desta condição.


Citações



 
 
 

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