Enfarte Mesentérico Agudo
- EmergenciasUNO

- 12 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
O enfarte mesentérico agudo é uma emergência médico-cirúrgica potencialmente fatal que requer diagnóstico precoce e intervenção rápida para prevenir necrose intestinal e reduzir a elevada mortalidade associada, que varia entre 60% e 80%[2]. Esta condição caracteriza-se por uma interrupção súbita do fluxo sanguíneo para o intestino, podendo ocorrer por diversas causas, incluindo embolia, trombose arterial, trombose venosa ou estados de baixo débito[1][4].
Sintomas
Os sintomas do enfarte mesentérico agudo são frequentemente inespecíficos, o que pode dificultar o diagnóstico precoce. Os principais incluem:
Dor abdominal intensa e súbita, geralmente desproporcional aos achados físicos[1][5]
Náuseas e vómitos[2][5]
Diarreia, que pode conter sangue em fases avançadas[1][5]
Distensão abdominal[2][6]
Urgência em evacuar[5]
Febre, especialmente em casos de trombose venosa mesentérica[3]
É importante salientar que a dor abdominal costuma preceder outros sintomas e tem início abrupto, com localização periumbilical[3].
Sinais Clínicos
Os sinais clínicos do enfarte mesentérico agudo podem ser subtis nas fases iniciais, mas evoluem rapidamente com a progressão da isquemia:
Inicialmente, o abdómen pode manter-se flácido com pouca ou nenhuma dor à palpação[1]
Taquicardia ligeira[1]
À medida que ocorre necrose intestinal, surgem sinais de peritonite:
Dor intensa à palpação abdominal
Defesa muscular e rigidez abdominal
Ausência de ruídos hidroaéreos[1]
Sinais de choque em fases avançadas[1]
Exploração
A exploração física no enfarte mesentérico agudo é essencial, embora os achados possam ser inespecíficos nas fases iniciais:
Exame abdominal detalhado, procurando sinais de peritonite[3]
Avaliação de sinais de aterosclerose, como sopros carotídeos ou cardíacos[3]
Investigação de potenciais focos embolígenos[3]
Avaliação do estado hemodinâmico do doente[3]
Exames Diagnósticos
O diagnóstico precoce é fundamental para melhorar o prognóstico. Os principais exames incluem:
Análises de sangue: leucocitose, elevação do lactato e dímero-D[3]
Angiotomografia computorizada (angio-TC): exame de imagem de primeira escolha[6]
Permite visualizar oclusões arteriais ou venosas
Pode revelar sinais de isquemia intestinal, como espessamento da parede ou pneumatoses[4]
Angiografia mesentérica: considerada o padrão-ouro para o diagnóstico[1]
Laparotomia exploradora: frequentemente necessária para confirmar o diagnóstico e avaliar a viabilidade intestinal[2]
Abordagem em Situação de Emergência
O tratamento do enfarte mesentérico agudo no serviço de urgência deve ser rápido e coordenado:
Estabilização hemodinâmica:
Colocação de via venosa central[3]
Reposição de fluidos e eletrólitos[3]
Outras medidas imediatas:
Analgesia adequada[3]
Antibióticos de largo espectro para prevenir translocação bacteriana[3]
Anticoagulação com heparina, exceto em caso de contraindicação[3]
Pedido urgente de angio-TC abdominal[6]
Consulta imediata com cirurgia vascular e geral[3]
Preparação para possível intervenção cirúrgica urgente:
Embolectomia
Revascularização
Resseção intestinal se houver necrose estabelecida[1]
Consideração de terapias endovasculares em casos selecionados[4]
O reconhecimento precoce e a abordagem agressiva são cruciais para melhorar os resultados em doentes com enfarte mesentérico agudo. A colaboração multidisciplinar entre médicos de urgência, radiologistas, cirurgiões vasculares e gerais é essencial para otimizar o tratamento e reduzir a mortalidade associada a esta condição grave.
Citações
[3 ] https://www.elsevier.es/es-revista-angiologia-294-articulo-isquemia-mesenterica-aguda-diagnostico-tratamiento-S0003317014001631

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