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Endocardite Infecciosa

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A endocardite infeciosa é uma inflamação do revestimento interno das câmaras e válvulas cardíacas (endocárdio), causada principalmente por uma infeção bacteriana ou, em casos raros, fúngica[1][2]. Esta patologia caracteriza-se pela acumulação de microrganismos e coágulos nas válvulas cardíacas, formando vegetações que podem destacar-se e afetar órgãos vitais[2].


Sintomas


Os sintomas da endocardite infeciosa podem surgir de forma aguda ou subaguda. Na forma aguda, os pacientes geralmente apresentam:


  • Febre alta (40°C)


  • Taquicardia


  • Fadiga intensa


  • Rápida deterioração das válvulas cardíacas[2]


Na forma subaguda, os sintomas são mais insidiosos e podem incluir:


  • Febre ligeira (37,5‑38,5 °C)


  • Perda de peso


  • Sudorese excessiva


  • Anemia


  • Fadiga


  • Dispneia aos esforços[1][2]


Sinais Clínicos


Os sinais clínicos mais comuns da endocardite infeciosa incluem:


  • Sopros cardíacos novos ou alterações em sopros pré-existentes


  • Petéquias na conjuntiva, pele ou mucosas


  • Hemorragias em lascas (linhas escuras sob as unhas)


  • Lesões de Janeway (manchas vermelhas e indolores nas palmas e plantas)


  • Nódulos de Osler (nódulos dolorosos nas polpas dos dedos)


  • Manchas de Roth (hemorragias retinianas com centro pálido)[1][3][7]


Exame Físico


Durante o exame físico, o médico deve prestar especial atenção a:


  • Auscultação cardíaca para detetar sopros


  • Exame da pele e mucosas em busca de petéquias ou lesões características


  • Avaliação dos membros para sinais de embolização periférica


  • Avaliação neurológica para descartar complicações embólicas cerebrais


  • Exame oftalmológico para detetar manchas de Roth[3][7]


Exames Diagnósticos


O diagnóstico da endocardite infeciosa baseia-se numa combinação de achados clínicos, microbiológicos e ecocardiográficos. Os principais exames incluem:


  • Hemoculturas: fundamentais para identificar o agente etiológico e orientar a terapêutica antibiótica[3][6]


  • Ecocardiografia:


    • Transtorácica (ETT)


    • Transesofágica (ETE)Essenciais para detetar vegetações, abcessos ou deiscências valvulares[3][6]


  • Exames laboratoriais:


    • Hemograma completo


    • Proteína C reativa (PCR)


    • Velocidade de sedimentação globular (VSG)[7]


  • Critérios de Duke: sistema de classificação que combina achados clínicos, microbiológicos e ecocardiográficos para estabelecer o diagnóstico[6]


Tratamento de Emergência


O tratamento inicial da endocardite infeciosa no serviço de urgência deve incluir:


  • Estabilização hemodinâmica, se necessário


  • Colheita de hemoculturas (pelo menos 3 séries) antes de iniciar antibióticos[3]


  • Início de antibioterapia empírica de largo espectro, considerando os agentes mais prováveis com base na apresentação clínica e fatores de risco[3][5]


  • Realização urgente de ecocardiografia, preferencialmente transesofágica, se disponível e sem contraindicações[3]


  • Avaliação de possíveis complicações embólicas através de exames neurológicos e de imagem se houver suspeita de envolvimento do sistema nervoso central[3]


  • Consulta precoce com cardiologia e cirurgia cardíaca para avaliar necessidade de intervenção cirúrgica urgente em casos de insuficiência cardíaca aguda, embolização recorrente ou infeção não controlada[3][5]


O tratamento definitivo geralmente consiste na administração de antibióticos intravenosos durante 2 a 8 semanas, dependendo do microrganismo causal e da resposta clínica[3]. Em alguns casos, pode ser necessária cirurgia para reparar ou substituir válvulas cardíacas danificadas[7].


A endocardite infeciosa continua a ser uma doença grave, com elevada morbilidade e mortalidade, sendo o diagnóstico precoce e o tratamento adequado cruciais para melhorar o prognóstico dos pacientes afetados[8].



Citações



 
 
 

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