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Dor Torácica

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A dor torácica é uma queixa comum no serviço de urgência e pode ser indicativa de condições graves que requerem avaliação e tratamento imediatos.


As causas de dor torácica abordadas nas urgências incluem:


  • Suspeita de dor torácica de origem cardíaca — incluindo enfarte agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (STEMI) e pacientes em risco de enfarte sem supradesnivelamento (NSTEMI).


  • Edema pulmonar de origem cardíaca, que exige tratamento urgente e pode manifestar-se com dor torácica.


  • Tromboembolia pulmonar (TEP).


  • Pneumonia.


  • Pneumotórax.


  • Doença falciforme.


  • Dissecção aórtica — especialmente considerada em grávidas com dor torácica intensa, inexplicada, dorsal ou cervical.


Avaliação do paciente com suspeita de dor torácica:


No caso de dor torácica de origem cardíaca suspeita, deve ser solicitada dosagem de troponina I (TnI) de alta sensibilidade.


  • Um valor de TnI <5 ng/L torna improvável a ocorrência de necrose miocárdica aguda.


  • Os valores entre 5–39 ng/L (mulheres) e 5–54 ng/L (homens) podem ser compatíveis com alta hospitalar, dependendo do contexto clínico.


Abordagem geral da dor torácica nas urgências:


  • Alívio adequado e urgente da dor.A dor e o desconforto podem impedir que os doentes forneçam informações clínicas úteis ou colaborem na avaliação e tratamento.Adiar a analgesia é considerado desumano e clinicamente incorreto.


  • Manter a saturação de oxigénio (SpO₂) entre 94–98%.Pode administrar-se oxigénio de alto fluxo (12L/min com máscara com reservatório) durante 15 minutos — podendo proporcionar alívio.


  • A terapêutica deve ser dirigida à causa subjacente.


Abordagem específica de causas de Dor Torácica


Dor Aguda:


  • Podem ser utilizados AINEs (como Indometacina ou Diclofenac), desde que não existam contraindicações e o doente não esteja a tomar IECA ou anticoagulantes.


  • Se os AINEs não forem apropriados (ex.: gravidez) ou se a dor não estiver controlada, podem utilizar-se Codeína ou Morfina (via oral).


  • No caso de STEMI, deve usar-se analgesia opioide intravenosa titulada em pequenos incrementos conforme resposta.A morfina IV diluída e titulada é indicada para dor torácica severa.


STEMI (Enfarte Agudo do Miocárdio com Supradesnivelamento do ST):


"Tempo é músculo" — a rapidez na intervenção é fundamental.

  • Deve-se alertar previamente o serviço de urgência, se possível.


  • É necessária coordenação eficaz da equipa para evitar atrasos no tratamento.


  • Administrar oxigénio para manter SpO₂ entre 94–98% e ligar monitor cardíaco.


  • Obter acesso venoso e colheitas laboratoriais (função renal, glicemia, hemograma, marcadores cardíacos).


  • Administrar 300mg de Ácido Acetilsalicílico (AAS) e 300mg de Clopidogrel por via oral.


  • Contactar cardiologia para intervenção coronária percutânea (ICP) primária.


  • A trombólise é alternativa se a ICP não puder ser realizada nos primeiros 90 minutos após o diagnóstico.A eficácia diminui consideravelmente com o tempo, e não está indicada se os sintomas tiverem começado há mais de 12 horas.Os riscos incluem AVC, hemorragia intracraniana e hemorragias maiores.Deve ser obtido consentimento verbal do doente.


Edema Pulmonar Cardiogénico


  • Assegurar a via aérea e colocar o doente em posição sentada.


  • Administrar oxigénio de alto fluxo com máscara bem ajustada.


  • Se a pressão arterial sistólica for >90 mmHg:


    • Administrar nitroglicerina sublingual (GTN 800 mcg)


    • Iniciar perfusão intravenosa de GTN


    • Monitorizar rigorosamente a pressão arterial


  • A GTN bucal é uma alternativa viável.

 
 
 

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