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Dor Abdominal Aguda

Atualizado: 12 de jun.

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025


A dor abdominal aguda é uma condição clínica caracterizada pela presença de dor abdominal intensa de início recente, geralmente com uma duração inferior a um mês [3][5].


Este artigo académico abordará os aspetos-chave da dor abdominal aguda, incluindo os seus sintomas, sinais clínicos, exame físico, exames complementares de diagnóstico e abordagem em contexto de emergência.


Sintomas


A dor abdominal aguda apresenta-se como uma dor intensa e contínua, que tende a evoluir rapidamente em menos de 48 a 72 horas [3]. Os sintomas associados podem incluir:

  • Dor abdominal intensa e persistente

  • Vómitos

  • Comprometimento do estado geral

  • Inquietação ou agitação [2]


A localização e as características da dor podem variar conforme a etiologia subjacente. Por exemplo, em casos de úlcera gástrica, a dor localiza-se habitualmente no epigastro e pode surgir após as refeições, enquanto na úlcera duodenal, a dor ocorre mais tardiamente e alivia com a ingestão alimentar [6].


Sinais Clínicos


Os sinais clínicos associados à dor abdominal aguda incluem:


  • Sinais de irritação peritoneal


  • Rigidez da musculatura abdominal


  • Aumento da sensibilidade abdominal


  • Sinal de descompressão brusca positivo


  • Defesa ou resistência involuntária [4]


Em casos graves, podem observar-se sinais de choque, como taquicardia, hipotensão arterial, diaforese e confusão mental [1]. A distensão abdominal também pode estar presente, especialmente em situações de obstrução intestinal [2].


Exame Físico


O exame físico é essencial na avaliação da dor abdominal aguda e deve incluir:


  • Inspeção abdominal para identificar distensão, cicatrizes ou massas visíveis


  • Auscultação dos ruídos intestinais


  • Palpação abdominal para detetar áreas dolorosas, massas ou sinais de irritação peritoneal


  • Percussão abdominal para avaliar a presença de líquido livre ou ar na cavidade abdominal


  • Toque retal e exame pélvico quando clinicamente indicados [1][2]


É importante realizar uma avaliação física completa, incluindo a observação dos sinais vitais e o exame físico geral, a fim de excluir causas extra-abdominais da dor [1].


Exames Complementares de Diagnóstico


Os exames diagnósticos devem ser orientados pela suspeita clínica e podem incluir:


  • Análises laboratoriais: hemograma, bioquímica e provas de coagulação


  • Análise sumária de urina


  • Exames imagiológicos:


    • Ecografia abdominal: particularmente útil em casos de suspeita de patologia biliar ou apendicite


    • Radiografia do tórax e do abdómen: para excluir perfuração, obstrução ou pneumoperitoneu


    • Tomografia Computorizada (TC): em casos de diagnóstico incerto ou suspeita de patologia grave [1][3]


Em alguns casos, poderá ser necessário recorrer a outros exames específicos de acordo com a suspeita diagnóstica, como a endoscopia digestiva alta ou a laparoscopia diagnóstica [2].


Abordagem em Situação de Emergência


A abordagem da dor abdominal aguda em contexto de emergência deve seguir uma metodologia sistemática:


  • Avaliação inicial rápida para identificar sinais de alarme ou instabilidade hemodinâmica


  • Anamnese detalhada e exame físico completo


  • Realização de exames complementares orientados pela hipótese clínica


  • Início das medidas de suporte:


    • Fluidoterapia intravenosa


    • Controlo da dor


    • Antibioterapia empírica em caso de suspeita de infeção


Consulta precoce com o cirurgião deve ser considerada em casos de suspeita de abdómen agudo cirúrgico [1][4].


É importante destacar que, em doentes gravemente comprometidos com dor abdominal intensa, a medida diagnóstica mais relevante pode ser a exploração cirúrgica urgente [1]. Por outro lado, em quadros clínicos mais ligeiros, poderá ser apropriada uma vigilância rigorosa com avaliação diagnóstica progressiva [1].


Conclusão


O adequado tratamento da dor abdominal aguda exige um elevado índice de suspeição, uma avaliação clínica cuidadosa e o uso criterioso dos meios complementares de diagnóstico. A reavaliação frequente é essencial, visto que até 30% dos casos podem ter um diagnóstico final diferente do inicial [4]. O objetivo principal é identificar prontamente um abdómen agudo e iniciar o tratamento de forma urgente para reduzir a morbilidade associada a esta condição [3][5].


Citação


 
 
 

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