Doença Inflamatória Pélvica
- EmergenciasUNO
- 20 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
A Doença Inflamatória Pélvica (DIP) é uma infeção do trato genital superior feminino que afeta o colo do útero, útero, trompas de Falópio e ovários. É geralmente causada por microrganismos de transmissão sexual, principalmente Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis[1][2]. Esta condição representa um importante problema de saúde pública devido às suas potenciais complicações a longo prazo, como infertilidade, dor pélvica crónica e gravidez ectópica[5].
Sintomas
Os sintomas da DIP podem ser subtis ou até ausentes em algumas mulheres, dificultando o diagnóstico precoce. Os sintomas mais frequentes incluem:
Dor no abdómen inferior e pelve, geralmente bilateral e de intensidade variável[1][5]
Corrimento vaginal anormal, frequentemente abundante e com odor fétido[1][5]
Hemorragia vaginal irregular, especialmente durante ou após relações sexuais[1][5]
Dispareunia (dor durante o coito)[1][5]
Febrícula[1][3]
Sintomas urinários como disúria ou polaquiúria[1][3]
É importante salientar que a intensidade dos sintomas pode variar conforme o agente etiológico. Por exemplo, a infeção por Chlamydia tende a ser mais silenciosa, mas causa maior lesão tubária residual[3].
Sinais
Os sinais clínicos da DIP podem incluir:
Dor à palpação abdominal, especialmente na região hipogástrica[1][3]
Febre > 38°C[2][3]
Leucorreia mucopurulenta[2][3]
Hemorragia uterina anormal[3]
Exame físico
A avaliação física é fundamental para o diagnóstico da DIP. Os achados mais relevantes são:
Dor à mobilização cervical[1][2][3]
Dor à palpação anexial[1][2][3]
Dor à mobilização uterina no toque bimanual[1][2][3]
Estes achados apresentam uma alta sensibilidade diagnóstica (>95%) para DIP, embora com baixa especificidade[3].
Exames complementares
O diagnóstico da DIP é principalmente clínico, mas os exames complementares ajudam a aumentar a especificidade e a realizar o diagnóstico diferencial:
Teste de gravidez para excluir gravidez ectópica[3][5]
Hemograma, PCR e VSG para avaliar inflamação[2][3]
Cultura de exsudado endocervical para N. gonorrhoeae e C. trachomatis[1][2][3]
Ecografia transvaginal para identificar espessamento tubário, abcessos ou líquido livre pélvico[3][5]
Em casos selecionados, TAC ou RMN pélvica[3]
Laparoscopia diagnóstica nos casos duvidosos ou sem resposta ao tratamento[3]
Tratamento de emergência
O manejo da DIP no serviço de urgência deve ser célere e eficaz:
Avaliação inicial e estabilização hemodinâmica, se necessário[1][5]
Analgesia adequada para controlo da dor[1][5]
Início precoce de antibioterapia empírica de largo espectro[1][2][5]:
Ceftriaxona 500 mg IM em dose única + Doxiciclina 100 mg de 12h/12h VO durante 14 dias[2]
Em casos graves ou sem boa resposta, considerar antibioterapia intravenosa e internamento[1][5]
Avaliar necessidade de hospitalização consoante a gravidade do quadro[1][5]
Acompanhamento rigoroso para avaliar resposta ao tratamento[1][5]
Educação para a saúde e recomendações de abstinência sexual até completar o tratamento[5]
Rastreio e tratamento dos parceiros sexuais[2][5]
A DIP é uma patologia complexa que exige elevado grau de suspeita para diagnóstico precoce. O manejo adequado em contexto de urgência é essencial para prevenir complicações futuras e melhorar o prognóstico dos doentes.
Citações
[3] https://sego.es/documentos/progresos/v63-2020/n6/01 Protocolo aragonés de enfermedad inflamatoria pelvica.pdf
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