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Doença Diverticular

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A doença diverticular é uma condição comum que afeta o cólon, caracterizada pela presença de pequenas protrusões na parede intestinal denominadas divertículos. Esta patologia abrange um amplo espectro de apresentações clínicas, desde a diverticulose assintomática até complicações graves como a diverticulite.


Sintomas


Os sintomas da doença diverticular variam consoante a sua gravidade. Na diverticulose não complicada, os doentes são geralmente assintomáticos ou apresentam sintomas crónicos ligeiros, tais como:


  • Distensão abdominal


  • Obstipação ou diarreia alternada


  • Cólicas ou dor ligeira no abdómen inferior[5]


Nos casos de diverticulite aguda, os sintomas são mais intensos e incluem:


  • Dor abdominal intensa, geralmente no quadrante inferior esquerdo


  • Febre e arrepios


  • Náuseas e vómitos


  • Alterações nos hábitos intestinais[1][3]


Sinais Clínicos


Durante a avaliação clínica, os sinais mais frequentes de diverticulite incluem:


  • Sensibilidade à palpação no quadrante inferior esquerdo do abdómen


  • Distensão abdominal


  • Sinais de irritação peritoneal em casos graves


  • Febre (temperatura >38,3 °C)[7]


Exame Físico


A exploração física é fundamental para o diagnóstico e avaliação da gravidade. O médico poderá realizar:


  • Palpação abdominal para localizar áreas dolorosas e sensíveis


  • Auscultação dos ruídos intestinais


  • Avaliação dos sinais vitais, com especial atenção à temperatura e frequência cardíaca


  • Exame retal digital para excluir outras patologias[3]


Exames Diagnósticos


O diagnóstico da doença diverticular baseia-se numa combinação de achados clínicos e exames complementares:


Análises laboratoriais:


  • Hemograma completo (para avaliar leucocitose)


  • Proteína C reativa


  • Análise de urina


  • Provas de função hepática[3]


Exames de imagem:


  • Tomografia computorizada (TC) do abdómen e pelve: É o exame de escolha no diagnóstico da diverticulite. Permite visualizar inflamação, abcessos e outras complicações[1][3]


  • Ecografia abdominal: Útil em doentes jovens ou grávidas[7]


Colonoscopia: Realizada geralmente 6 a 8 semanas após um episódio agudo para excluir outras patologias, como neoplasias[5]


Abordagem em Situação de Emergência


O tratamento da diverticulite no serviço de urgência depende da gravidade do quadro clínico:


Diverticulite não complicada:


  • Repouso intestinal


  • Hidratação


  • Antibióticos de largo espectro (geralmente em regime ambulatório)


  • Analgesia[3]


Diverticulite complicada:


  • Internamento hospitalar


  • Antibióticos intravenosos


  • Jejum absoluto (nada por via oral)


  • Monitorização de sinais vitais e parâmetros inflamatórios


  • Intervenção cirúrgica em casos de perfuração, abcessos grandes (≥6 cm) ou ausência de resposta ao tratamento conservador[7][4]


A classificação de Hinchey modificada é útil para orientar o tratamento:


  • Estádio 0: Diverticulite clínica ligeira


  • Estádio Ia: Inflamação pericólica confinada


  • Estádio Ib: Abcesso pericólico ou mesocólico confinado


  • Estádio II: Abcesso pélvico, intra-abdominal distante ou retroperitoneal


  • Estádio III: Peritonite purulenta generalizada


  • Estádio IV: Peritonite fecal[4]


A doença diverticular representa um desafio diagnóstico e terapêutico no contexto da urgência. Uma abordagem sistemática que inclua uma avaliação clínica minuciosa, exames de imagem adequados e uma estratégia terapêutica escalonada é essencial para otimizar os resultados clínicos nestes doentes.


Citações


[8] 

 
 
 

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