Crise Hiperglicémica
- EmergenciasUNO
- 12 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
A crise hiperglicémica é uma emergência médica de origem metabólica que pode ocorrer em doentes com ou sem história prévia de diabetes mellitus[5]. Engloba duas entidades principais: a cetoacidose diabética (CAD) e o estado hiperosmolar hiperglicémico (EHH)[3]. Ambas são complicações metabólicas agudas graves da diabetes, associadas a uma mortalidade significativa[2].
Sintomas
Os sintomas da crise hiperglicémica podem variar na sua apresentação e gravidade:
Poliúria e polidipsia[1][2][3]
Náuseas e vómitos (mais frequentes na CAD)[2]
Fraqueza e fadiga[1][5]
Alterações do estado mental, desde confusão até coma[1][3][4]
Perda de peso recente[3]
Dor abdominal (mais comum na CAD)[3]
É importante notar que os sintomas da CAD surgem habitualmente de forma abrupta, enquanto no EHH a instalação é mais insidiosa[2].
Sinais Clínicos
O exame físico pode revelar:
Sinais de desidratação severa (mucosas secas, diminuição da turgência cutânea)[1][3][4]
Taquicardia e hipotensão[1][4]
Respiração de Kussmaul e hálito cetónico (na CAD)[2]
Alterações neurológicas (letargia, estupor ou coma)[3][4]
Febre (em presença de infeção)[1]
Exame Físico
A avaliação inicial deve incluir:
Avaliação do estado de consciência[4]
Sinais vitais (frequência cardíaca, pressão arterial, frequência respiratória)[1][4]
Avaliação do estado de hidratação[3][4]
Exame neurológico completo[3]
Pesquisa de possíveis focos infecciosos[2]
Exames Diagnósticos
Os exames laboratoriais essenciais incluem:
Glicemia (>250 mg/dL na CAD, >600 mg/dL no EHH)[2][3]
Eletrólitos séricos, incluindo sódio e potássio[3][4]
Gases arteriais (pH <7,3 na CAD)[2][3]
Cetonas no sangue e urina[3][4]
Osmolaridade sérica (>320 mOsm/kg no EHH)[2][6]
Azoto ureico e creatinina[4]
Hemograma completo[4]
Adicionalmente, devem ser realizados exames para identificar possíveis fatores precipitantes, como hemoculturas, uroculturas, eletrocardiograma, testes de COVID-19 e gripe[1].
Tratamento de Urgência
O tratamento da crise hiperglicémica assenta em três pilares fundamentais:
Reposição de fluidos:Inicia-se com soro fisiológico a 0,9% à taxa de 15-20 mL/kg/hora nas primeiras 1-2 horas[5][6], com o objetivo de corrigir a desidratação e melhorar a perfusão tecidular.
Terapia com insulina:Administra-se insulina regular em perfusão intravenosa contínua a uma dose de 0,1 UI/kg/hora[2][5], com o objetivo de reduzir a glicemia a um ritmo de 50-75 mg/dL por hora.
Correção de eletrólitos:Dá-se especial atenção ao potássio, suplementando-o conforme necessário[3][4].
O monitoramento frequente da glicemia, eletrólitos e equilíbrio ácido-base é essencial para ajustar o tratamento[5]. Uma vez que a glicemia atinja 250-300 mg/dL (na CAD ou EHH), deve considerar-se a transição para insulina subcutânea e a introdução de dextrose nos fluidos intravenosos para evitar hipoglicemia[3][6].
É fundamental identificar e tratar o fator precipitante da crise hiperglicémica para prevenir recorrências[1][5].
O tratamento eficaz desta condição potencialmente fatal exige uma abordagem multidisciplinar, diagnóstico precoce e tratamento agressivo para reduzir a morbilidade e mortalidade associadas.
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