Corpos estranhos retais (CER)
- EmergenciasUNO
- 11 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
Os corpos estranhos retais (CER) representam um desafio diagnóstico e terapêutico nos serviços de urgência. Este artigo aborda os aspetos-chave desta condição, incluindo sintomas, sinais clínicos, exame, exames complementares e abordagem em situações de emergência.
Epidemiologia
Os CER são mais frequentes em homens, com uma proporção que pode atingir 28:1, e têm maior incidência entre os 20 e os 40 anos[3]. As causas principais incluem estimulação sexual (35,8%), motivos não revelados (50,6%) e agressão por terceiros (5,2%)[3].
Sintomas
Os sintomas principais dos CER incluem:
Dor anal ou obstipação[3]
Dor súbita e intensa durante a defecação[1]
Hemorragia rectal[3]
Incapacidade para urinar[3]
Dor abdominal nos quadrantes inferiores[3]
Incontinência anal[3]
Diarreia[3]
Em casos graves, sinais de sépsis ou colapso cardiovascular[3]
É importante destacar que os doentes frequentemente tentam extrair o objeto em várias ocasiões antes de procurar assistência médica, o que pode aumentar o risco de complicações[3].
Sinais clínicos
Os sinais clínicos podem variar conforme o tipo de objeto e o tempo desde a sua introdução. Podem incluir:
Sangramento evidente, indicativo de laceração ou perfuração[2]
Sinais de irritação peritoneal em casos de perfuração[4]
Taquicardia e hipotensão em casos de sépsis[3]
Espasmo do esfínter anal[4]
Exame físico
O exame físico é fundamental e deve incluir:
Exame abdominal completo, incluindo inspeção, palpação, percussão e auscultação[4]
Avaliação da região perineal à procura de lacerações, hematomas, perfurações ou sangramento[4]
Toque retal cuidadoso, avaliando:
Tono do esfínter anal antes e depois da extração[4]
Presença do corpo estranho palpável[4]
Presença de sangue ou perda de tono do esfínter[4]
É essencial ter precaução durante o toque retal, pois alguns objetos podem ser punçantes ou cortantes[4].
Exames complementares
Os exames diagnósticos mais utilizados são:
Radiografias antero-posteriores e laterais do abdómen e pélvis: permitem identificar grande parte dos CER, sua localização e forma[3]
Tomografia Computorizada (TC) com contraste do abdómen e pélvis: indicada quando se suspeita perfuração[4]
Endoscopia: proporciona excelente visualização e permite diagnóstico e extração simultânea[4]
Importa salientar que uma radiografia negativa não exclui a presença de um corpo estranho rectal[3].
Abordagem em emergência
A abordagem aos CER em urgência deve seguir estes passos:
Avaliação inicial e estabilização do doente.
Obtenção de pela história detalhada e exame físico completo.
Realização dos exames complementares adequados.
Escolha da técnica de extração adequada:
Objeto palpável: extração manual sob anestesia local, utilizando dilatadores rectais[1][2].
Objeto não palpável: aguardar descida natural ou considerar técnicas mais avançadas[2].
Em casos complexos ou fracasso da extração manual:
Considerar sigmoidoscopia flexível ou TAMIS (cirurgia transanal minimamente invasiva)[5].
Cirurgia abdominal (laparotomia ou laparoscopia) nos casos de migração do objeto, suspeita de perfuração, abcessos associados ou extração transanal sem sucesso[5].
Realizar sigmoidoscopia após a extração para avaliar possíveis lesões no recto ou cólon[1][4].
O manejo dos CER requer uma abordagem multidisciplinar e avaliação criteriosa para definir a melhor estratégia terapêutica, minimizando complicações e garantindo o melhor desfecho para o doente.
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