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Corpos Estranhos no Nariz

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



Os corpos estranhos nasais são objetos que, acidental ou intencionalmente, se introduzem e alojam na cavidade nasal. Esta condição ocorre principalmente em crianças, embora também possa afetar adultos, especialmente aqueles com doenças psiquiátricas[1][5]. Este artigo académico aborda os aspetos clínicos mais relevantes desta patologia, incluindo sintomas, sinais clínicos, avaliação, exames diagnósticos e abordagem em contexto de urgência.


Sintomas


Os sintomas associados à presença de corpos estranhos nasais variam consoante o tempo de permanência e a natureza do objeto. Os mais comuns incluem:


  • Rinorreia unilateral: É o sintoma mais frequente, geralmente purulenta, sanguinolenta e com odor fétido[5]


  • Obstrução nasal: Geralmente unilateral, correspondente à narina afetada[2]


  • Alteração do olfato: Pode surgir como consequência da obstrução[1]


  • Epistaxe: Podem ocorrer episódios ocasionais de sangramento nasal[1]


  • Irritabilidade: Particularmente em bebés e crianças pequenas[2]


  • Sensação de corpo estranho: O paciente pode referir sentir algo no nariz[2]


Importa salientar que, em fases iniciais, o paciente pode estar assintomático[1].


Sinais


A apresentação clínica pode incluir os seguintes sinais:


  • Secreção nasal fétida: Tipicamente unilateral e de coloração amarelo-esverdeada[3]


  • Inflamação local: Edema e eritema da mucosa nasal adjacente[1]


  • Formação de rinólitos: Em casos crónicos, pode formar-se uma concreção calcificada ao redor do corpo estranho[5]


  • Deformidade nasal externa: Em casos graves ou de longa duração[1]


Avaliação


A avaliação física é essencial para o diagnóstico e tratamento dos corpos estranhos nasais. Deve incluir:


  • Rinoscopia anterior: Permite visualização direta do corpo estranho na maioria dos casos[1]


  • Exame de ambas as fossas nasais: Importante para descartar corpos estranhos bilaterais, especialmente no caso de ímanes[2]


  • Otoscopia: Deve ser realizada para excluir corpos estranhos no canal auditivo externo[1]


  • Avaliação da permeabilidade nasal: Através de manobras como a de Cottle ou rinomanometria[1]


Exames complementares


Na maioria dos casos, o diagnóstico baseia-se na história clínica e na avaliação física. No entanto, podem ser necessários os seguintes exames:


  • Radiografia simples: Útil para identificar corpos estranhos radiopacos[1]


  • Tomografia computorizada: Indicada em casos de complicações ou corpos estranhos de difícil visualização[1]


  • Nasoendoscopia: Proporciona melhor visualização de objetos localizados nas regiões posteriores da cavidade nasal[3]


Abordagem de emergência


A gestão de corpos estranhos nasais no serviço de urgência deve seguir um protocolo estruturado:


Avaliação inicial: Determinar a natureza e localização do corpo estranho[1]


Preparação do paciente:


  • Posicionar adequadamente o paciente


  • Aplicar vasoconstritor e anestésico local, se não houver contraindicações[3]


Técnicas de extração:


  • Manobra de expiração forçada: O paciente deve fechar a narina não afetada e soprar suavemente[2]


  • Extração instrumental: Com pinças nasais de Hartmann sob visualização direta[5]


  • Aspiração: Com dispositivos de sucção e sondas adequadas[4]


Após a extração:


  • Avaliar a integridade da mucosa nasal


  • Aplicar antibióticos tópicos, se necessário[1]


Critérios para encaminhamento a especialista:


  • Presença de pilhas tipo botão ou substâncias químicas


  • Corpos estranhos profundos ou impactados


  • Risco de aspiração


  • Ausência de instrumental adequado[1]


Importa lembrar que a extração de corpos estranhos nasais deve ser realizada com precaução, para evitar complicações como o deslocamento posterior do objeto, que pode causar obstrução das vias respiratórias[5].


A gestão adequada de corpos estranhos nasais requer uma abordagem sistemática, incluindo avaliação cuidadosa, técnicas apropriadas de extração e seguimento adequado. O encaminhamento atempado a um especialista em otorrinolaringologia é essencial em casos complexos ou de risco elevado.


Citações


 
 
 

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