Contacto con Animais Selvagens
- EmergenciasUNO

- 24 de jul.
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MANUAL DE EMERGÊNCIAS MENORES
O contacto com animais selvagens pode provocar diversos tipos de lesões, desde mordeduras e arranhões até infeções graves. Estes animais podem transmitir doenças zoonóticas como a raiva, o hantavírus, a leptospirose e a febre Q.
As lesões variam entre feridas superficiais simples e infeções potencialmente fatais. O risco aumenta em situações de contacto com animais agressivos ou visivelmente doentes, exposições prolongadas ou contacto com animais que segregam toxinas ou são portadores de agentes infeciosos.
Diagnóstico
O diagnóstico baseia-se no tipo de exposição (mordedura, arranhão, contacto com fluidos corporais) e nos sintomas clínicos. Mordeduras e arranhões geralmente apresentam-se como lesões visíveis, com hemorragia, dor e sinais inflamatórios ou infeciosos.
Se houver transmissão de doenças zoonóticas, podem surgir sintomas sistémicos como febre, cefaleia, fadiga ou mal-estar geral. A história clínica do animal envolvido, especialmente se este apresentar sinais sugestivos de raiva (ex.: desorientação, agressividade, salivação excessiva), é fundamental para o diagnóstico.
Diagnóstico Diferencial
Condição | Diferença Principal |
Mordedura de cão ou gato | Lesão profunda com risco de infeção por bactérias como Pasteurella. |
Arranhão de gato | Lesão semelhante, mas com risco acrescido de infeção por Bartonella henselae. |
Mordedura de serpente | Ferida por punção, associada a possível envenenamento sistémico. |
Infeção bacteriana não zoonótica | Infeção local ou sistémica sem relação direta com contacto animal. |
Abordagem de Urgência
O tratamento inicial varia consoante o tipo de lesão. Mordeduras e arranhões devem ser imediatamente lavados e desinfetados com solução salina e sabão antisséptico. Em caso de hemorragia, deve aplicar-se pressão direta para controlo.
Em feridas abertas, o encerramento primário deve ser evitado em situações de alto risco, permitindo o drenagem adequada. Devem ser administrados antibióticos profiláticos para cobrir agentes típicos de infeção transmitidos por animais selvagens, como Pasteurella e Capnocytophaga, e deve-se atualizar a vacinação antitetânica.
Se houver suspeita de exposição à raiva, deve iniciar-se imediatamente a profilaxia pós-exposição (PEP) com imunoglobulina antirrábica e vacinação específica. No caso de contacto com animais potencialmente portadores de outras zoonoses, pode estar indicado tratamento específico (ex.: antibióticos na suspeita de leptospirose).
Tratamento Definitivo
O tratamento definitivo depende da natureza da lesão e do risco infecioso. Mordeduras ou arranhões sem sinais de infeção ativa podem ser tratados com profilaxia antibiótica, sendo a amoxicilina/ácido clavulânico a primeira linha.
Se houver infeção estabelecida, o tratamento deve ser ajustado ao agente identificado. Em casos de risco para raiva, é essencial completar o esquema de vacinação pós-exposição.
Lesões graves ou que envolvam estruturas nobres (tendões, vasos sanguíneos) podem requerer intervenção cirúrgica. O seguimento clínico deve incluir avaliação da cicatrização, sinais de infeção secundária e do estado geral do doente, particularmente quando houve exposição a animais com potencial zoonótico.

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