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Complicações do pós-parto

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



O período pós-parto, também conhecido como puerpério, é uma fase crítica da saúde materna que se estende desde o nascimento até aproximadamente seis semanas após o parto. Durante este período, podem surgir diversas complicações que exigem atenção médica atempada.


Sintomas


Os sintomas das complicações do pós-parto podem ser variados, sendo os mais comuns:


  • Hemorragia vaginal abundante ou persistente


  • Dor abdominal intensa


  • Febre


  • Dor ou edema nos membros inferiores


  • Cefaleia severa


  • Alterações visuais


  • Depressão ou ansiedade intensas


Importa salientar que até 14,9% das mulheres podem apresentar sintomas de depressão pós-parto, como tristeza persistente, ansiedade, irritabilidade e dificuldade em estabelecer vínculo com o bebé[3].


Sinais clínicos


Os profissionais de saúde devem estar atentos aos seguintes sinais:


  • Taquicardia


  • Hipotensão


  • Febre (>38 °C)


  • Lóquios com odor fétido ou purulentos


  • Subinvolução uterina


  • Edema ou eritema nos membros inferiores


A hemorragia pós-parto, definida como perda sanguínea ≥1000 mL nas primeiras 24 horas após o parto, é uma complicação grave que requer intervenção imediata[6].


Exame físico


A avaliação física deve incluir:


  • Avaliação dos sinais vitais


  • Palpação abdominal para verificar a involução uterina


  • Inspeção da episiotomia ou lacerações perineais


  • Exame das mamas para sinais de mastite


  • Avaliação dos membros inferiores em busca de trombose venosa profunda


Exames complementares


Os exames que podem ser indicados incluem:


  • Hemograma completo


  • Estudos de coagulação


  • Cultura dos lóquios em caso de suspeita de infeção


  • Ecografia pélvica para avaliar involução uterina ou retenção placentária


  • Provas de função tiroideia, sobretudo em casos de depressão pós-parto[8]


Em casos de hemorragia pós-parto refratária, podem ser considerados exames avançados como tromboelastografia (TEG) ou tromboelastometria rotacional (ROTEM®)[6].


Conduta em Emergência


A abordagem de emergências no pós-parto deve ser célere e eficaz:


Hemorragia pós-parto:


  • Reposição volémica com líquidos intravenosos e transfusão sanguínea se necessário


  • Massagem uterina


  • Administração de uterotónicos


  • Considerar ácido tranexâmico intravenoso


Infeção puerperal:


  • Início de antibioterapia de largo espectro


  • Drenagem de abcessos, se presentes


Tromboembolismo:


  • Anticoagulação terapêutica


  • Oxigenoterapia, se necessário


Depressão pós-parto severa ou psicose:


  • Avaliação psiquiátrica urgente


  • Considerar hospitalização em caso de risco de autoagressão ou de agressão ao bebé


Pré-eclâmpsia pós-parto:


  • Controlo da pressão arterial


  • Administração de sulfato de magnésio para prevenir convulsões


É crucial que a equipa de emergência esteja treinada nos protocolos de hemorragia obstétrica, uma vez que está demonstrado que melhoram os desfechos em casos de hemorragia pós-parto[6].


As complicações do pós-parto abrangem uma ampla gama de condições que requerem uma abordagem multidisciplinar. A identificação precoce de fatores de risco, a vigilância rigorosa e a intervenção atempada são essenciais para reduzir a morbilidade e mortalidade materna neste período crítico.


Citações



 
 
 

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