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Colapso e Síncope

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



O síncope é definido como uma perda súbita e transitória da consciência e do tónus postural, de curta duração e com recuperação espontânea, causada por uma diminuição temporária do fluxo sanguíneo cerebral. Este fenómeno é comum na população geral e pode causar grande preocupação entre doentes e familiares, sendo um motivo frequente de consulta nos serviços de urgência.


Sintomatologia


Os sintomas que antecedem o síncope, conhecidos como pródromos, podem incluir:


  • Tonturas


  • Sudorese


  • Visão turva ou "em túnel"


  • Palidez


  • Náuseas


  • Fraqueza


  • Palpitações


Estes sintomas constituem o chamado pré-síncope e podem permitir que o doente adote medidas preventivas antes de perder a consciência.


Sinais Clínicos


Os sinais observáveis durante um episódio sincopal incluem:


  • Perda súbita da consciência


  • Queda ou colapso


  • Ausência de tónus postural


  • Recuperação espontânea em curto espaço de tempo


Em alguns casos, podem ocorrer movimentos musculares breves, que podem ser confundidos com convulsões epilépticas.


Exame Físico


A avaliação física deve ser exaustiva, com particular atenção aos sinais cardiovasculares e neurológicos, incluindo:


  • Medição dos sinais vitais (frequência cardíaca e pressão arterial) em decúbito e ortostatismo


  • Auscultação cardíaca para deteção de sopros ou alterações do ritmo


  • Exame neurológico completo


É fundamental realizar uma anamnese detalhada, recolhendo informação sobre o episódio, fatores desencadeantes, antecedentes pessoais e familiares.


Exames Complementares de Diagnóstico


Os exames recomendados incluem:


  • Eletrocardiograma (ECG): essencial em todos os doentes com síncope


  • Monitorização cardíaca: pode incluir Holter ou monitor de eventos


  • Ecocardiograma: em casos selecionados para avaliação da função cardíaca


  • Prova de inclinação (Tilt test): útil na suspeita de síncope vasovagal


  • Análises laboratoriais: para excluir alterações metabólicas ou anemia


  • Oximetria de pulso: para medir a saturação de oxigénio


  • Glicemia capilar


Em situações específicas, podem ser necessários exames de imagem do sistema nervoso central ou estudos eletrofisiológicos.


Tratamento de Emergência


A abordagem inicial em urgência deve incluir:


  • Avaliação imediata dos sinais vitais e do estado de consciência


  • Colocação do doente em decúbito dorsal com elevação dos membros inferiores se inconsciente


  • Realização de ECG e monitorização cardíaca


  • Colheita de anamnese detalhada e exame físico completo


  • Identificação de sinais de alarme sugestivos de causa cardiogénica


  • Estratificação do risco para decidir sobre necessidade de internamento ou exames adicionais


  • Tratamento das causas subjacentes identificadas (por exemplo, correção de distúrbios eletrolíticos ou arritmias)


  • Educação do doente sobre medidas preventivas no caso de síncope vasovagal


Importa salientar que a maioria dos episódios de síncope é benigna e de origem vasovagal. No entanto, uma pequena percentagem pode ter etiologia cardíaca ou neurológica potencialmente grave, tornando crucial uma avaliação rigorosa no serviço de urgência.


O tratamento do síncope requer uma abordagem sistemática, incluindo avaliação clínica minuciosa, exames complementares apropriados e estratificação do risco, de forma a garantir um tratamento adequado e prevenir complicações futuras.


Citações



 
 
 

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