Coagulação Intravascular Disseminada - CID
- EmergenciasUNO
- 20 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
A Coagulação Intravascular Disseminada (CID) é uma perturbação grave caracterizada pela ativação anormal e excessiva dos mecanismos de coagulação sanguínea. Este processo patológico pode levar à formação de múltiplos coágulos na microvasculatura e, paradoxalmente, a um estado de hipocoagulabilidade devido ao consumo de fatores de coagulação e plaquetas[1][2].
Sintomas
Os sintomas da CID podem variar conforme a gravidade e a velocidade de instalação do quadro. Em casos ligeiros a moderados, os pacientes podem apresentar:
Hemorragia em zonas de venopunção
Petéquias
Hematomas
Púrpura
Em casos graves, podem ser observados:
Hemorragias graves em diversos órgãos (pulmonar, sistema nervoso central, gastrointestinal)
Sangramento em leitos cirúrgicos
Dificuldade respiratória
Confusão ou alterações do comportamento[4][6]
Sinais clínicos
Os sinais clínicos da CID refletem tanto fenómenos trombóticos como hemorrágicos:
Sangramento espontâneo ou excessivo após lesões menores
Icterícia devido à hemólise microangiopática
Sinais de falência multiorgânica (renal, hepática, respiratória)
Choque
Cianose ou necrose de extremidades por obstrução microvascular[1][4]
Exame físico
Durante o exame físico, o médico deve observar:
Sinais vitais (taquicardia, hipotensão)
Avaliação da pele para petéquias, equimoses ou hematomas
Exame neurológico para alterações do estado mental
Palpação abdominal para avaliar hepatosplenomegalia
Auscultação cardiorrespiratória para sinais de insuficiência cardíaca ou síndrome de dificuldade respiratória[2][6]
Exames diagnósticos
O diagnóstico da CID baseia-se na combinação de achados clínicos e laboratoriais. Os exames mais relevantes incluem:
Contagem de plaquetas (geralmente diminuída)
Tempo de protrombina (TP) e tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPa) prolongados
Fibrinogénio diminuído
Dímero D elevado
Produtos de degradação da fibrina (PDF) aumentados
Esfregaço de sangue periférico (para deteção de esquizócitos)
Níveis de fatores de coagulação, especialmente fator V e VIII[1][4][5]
Pode ser utilizado um sistema de pontuação diagnóstica, como o proposto pela Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia, que considera plaquetas, fibrinogénio, TP e dímero D ou PDF[4].
Tratamento de emergência
O manejo da CID em emergências é crucial e deve focar-se em:
Tratamento da causa subjacente (ex.: sépsis, trauma, neoplasias)
Suporte hemodinâmico e respiratório
Reposição de componentes sanguíneos:
Plasma fresco congelado para reposição de fatores de coagulação
Concentrados de plaquetas em caso de trombocitopenia grave
Crioprecipitado se o fibrinogénio estiver muito baixo
Anticoagulação com heparina em casos selecionados, especialmente na CID de evolução lenta com predomínio de fenómenos trombóticos
Monitorização rigorosa dos parâmetros de coagulação e função orgânica
Manejo de complicações específicas (ex.: hemorragia cerebral, insuficiência renal)[1][2][5]
É fundamental lembrar que a CID é sempre secundária a outra patologia, sendo o tratamento da causa subjacente essencial para a resolução do quadro. O prognóstico depende em grande parte da rapidez do diagnóstico, da gravidade da condição precipitante e da prontidão do tratamento instituído[2][6].
Citações
[3]https://www.msdmanuals.com/es/hogar/trastornos-de-la-sangre/trastornos-hemorrágicos-debidos-a-trastornos-de-la-coagulación/coagulación-intravascular-diseminada-cid
[4]https://manualclinico.hospitaluvrocio.es/urgencias-de-pediatria/hematologia-urgencias-de-pediatria/coagulacion-intravascular-diseminada/
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