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Coagulação Intravascular Disseminada – CID

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A Coagulação Intravascular Disseminada (CID) é uma perturbação grave caracterizada pela ativação anormal e excessiva dos mecanismos de coagulação sanguínea. Este processo patológico pode levar à formação de múltiplos coágulos na microvasculatura e, paradoxalmente, a um estado de hipocoagulabilidade devido ao consumo de fatores de coagulação e plaquetas[1][2].


Sintomas


Os sintomas da CID podem variar conforme a gravidade e rapidez de instalação. Em casos leves a moderados, os pacientes podem apresentar:


  • Hemorragia em zonas de punção venosa


  • Petéquias


  • Hematomas


  • Púrpura


Em casos graves, podem ocorrer:


  • Hemorragias intensas em diversos órgãos (pulmões, sistema nervoso central, trato gastrointestinal)


  • Sangramento em leitos cirúrgicos


  • Dificuldade respiratória


  • Confusão ou alterações comportamentais[4][6]


Sinais clínicos


Os sinais da CID refletem fenómenos tanto trombóticos como hemorrágicos:


  • Sangramento espontâneo ou excessivo após pequenos traumas


  • Icterícia por hemólise microangiopática


  • Sinais de falência multiorgânica (renal, hepática, respiratória)


  • Choque


  • Cianose ou necrose de extremidades devido à obstrução microvascular[1][4]


Avaliação clínica


Durante o exame físico, o médico deve observar:


  • Sinais vitais (taquicardia, hipotensão)


  • Avaliação cutânea para identificar petéquias, equimoses ou hematomas


  • Exame neurológico para verificar alterações do estado mental


  • Exploração abdominal para detectar hepatoesplenomegalia


  • Auscultação cardiopulmonar em busca de sinais de insuficiência cardíaca ou síndrome de angústia respiratória[2][6]


Exames diagnósticos


O diagnóstico de CID baseia-se na combinação de dados clínicos e laboratoriais. Os exames mais relevantes incluem:


  • Contagem de plaquetas (geralmente baixa)


  • Tempo de Protrombina (TP) e Tempo de Tromboplastina Parcial Activada (TTPa) prolongados


  • Fibrinogénio diminuído


  • Dímero D elevado


  • Produtos de degradação da fibrina (PDF) aumentados


  • Esfregaço de sangue periférico (para identificar esquizócitos)


  • Níveis de fatores de coagulação, especialmente V e VIII[1][4][5]


Pode usar‑se um sistema de pontuação diagnóstica, como o proposto pela International Society on Thrombosis and Haemostasis, que avalia plaquetas, fibrinogénio, TP e dímero D ou PDF[4].


Tratamento em emergências


O tratamento da CID em contexto de urgências deve focar-se em:


  • Identificar e tratar a causa subjacente (ex: sepse, trauma, cancro)


  • Suporte hemodinâmico e respiratório


  • Reposição de componentes sanguíneos:


    • Plasma fresco congelado, para restabelecer fatores de coagulação


    • Concentrados de plaquetas, se houver trombocitopénia severa


    • Crioprecipitado, se o fibrinogénio estiver muito baixo


  • Anticoagulação com heparina em casos selecionados, especialmente com predominância de fenómenos trombóticos em CID de evolução lenta


  • Monitorização rigorosa dos parâmetros de coagulação e função orgânica


  • Tratamento de complicações específicas (ex: hemorragia cerebral, insuficiência renal)[1][2][5]


É crucial lembrar que a CID é sempre secundária a outra condição médica; tratar a causa primária é essencial para a resolução do quadro. O prognóstico depende, em grande parte, da rapidez do diagnóstico, da gravidade da condição subjacente e da prontidão da intervenção terapêutica[2][6].


Citações


 
 
 

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