Caxumba (paperas)
- EmergenciasUNO
- 16 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
Manejo da caxumba
O manejo da caxumba foca-se no alívio dos sintomas e prevenção de complicações graves. Como se trata de uma infeção viral autolimitada, não são necessários antibióticos. As principais intervenções incluem:
Tratamento sintomático:
Descanso: fundamental que a pessoa descanse e evite atividade física intensa durante a doença.
Hidratação: garantir ingestão adequada de líquidos para prevenir desidratação.
Analgésicos e antipiréticos: recomenda-se paracetamol ou ibuprofeno para controlar dor e febre. Evitar aspirina em crianças <16 anos pelo risco de síndrome de Reye.
Compressas frias ou mornas nas glândulas parótidas inflamadas para aliviar a dor.
Isolamento:
Para evitar propagação, recomenda-se isolamento por 5 dias após início dos sintomas de parotidite.
Evitar contacto próximo com pessoas não vacinadas ou imunodeprimidas.
Notificação às autoridades:
A caxumba é doença de notificação obrigatória; os casos suspeitos devem ser reportados para monitorização e controlo de surtos.
Internamento ou encaminhamento:
Em casos graves ou com complicações, pode ser necessário internamento ou avaliação especializada, como:
Encefalite: internar se houver sinais como alteração do estado de consciência, convulsões ou défices neurológicos focais.
Meningite: cefaleia intensa, rigidez de nuca e febre alta exigem avaliação urgente e possível internamento.
Epididimite/orquite bilateral: se preocupante para a fertilidade, recomenda-se análise de sémen aos 3 meses do evento.
Imunização de contactos:
Contactos com caso suspeito que não tenham recebido duas doses da vacina tríplice vírica (MMR) devem receber a vacina o mais cedo possível, exceto grávidas ou imunocomprometidas.
Diagnóstico
O diagnóstico baseia-se habitualmente na clínica, combinando parotidite com sintomas sistémicos como febre e mal-estar.
Apresentação clínica:
Inflamação das glândulas parótidas presente em ~95% dos casos sintomáticos. Geralmente uma inflama antes da outra, mas pode ser unilateral.
Outros sintomas: febre, cefaleia, mal-estar geral, mialgias e perda de apetite.
Complicações possíveis:
Epididimite/orquite: dor e inflamação testicular unilateral cerca de 1 semana após parotidite.
Ooforite: inflamação ovárica em mulheres pós-púberes, com dor abdominal.
Meningite asséptica: ocorre em até 25% dos casos, manifesta-se com cefaleia, febre e rigidez de nuca.
Surdez transitória: afeta cerca de 4% dos casos, surdez permanente é rara.
Pancreatite leve: pode surgir com dor do abdómen superior.
Confirmação diagnóstica:
Se necessário, realizar teste de anticorpos IgM a partir de saliva, útil em surtos ou casos atípicos.
Considerações de imunização:
A reinfeção é possível em ~1–2% dos casos, apesar da vacinação completa (duas doses MMR) ou infeção prévia.
Diagnóstico diferencial
É fundamental distinguir caxumba de outras causas de parotidite:
Infeções virais:
Epstein–Barr, parainfluenza, adenovírus, influenza A, coxsackievirus e VIH – todas podem provocar parotidite, mas com características clínicas diferentes.
Infeções bacterianas:
Parotidite supurativa aguda por Staphylococcus aureus, com presença de pus e dor intensa.
Causas não infecciosas:
Obstrução do conduto parotídeo por cálculos, quistos ou tumores; síndrome de Sjögren também pode produzir parotidite.
Definição
A caxumba é infeção aguda causada por um paramixovírus que afeta principalmente as glândulas salivares, especialmente as parótidas. Transmite-se por gotículas respiratórias, saliva ou objetos contaminados, com incubação de 14 a 18 dias. Os sintomas mais comuns são inflamação dolorosa das parótidas, febre, cefaleia e mal-estar geral. É mais contagiosa entre 1–2 dias antes e alguns dias após os sintomas iniciais.
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