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Carraças

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



As carraças são ectoparasitas hematófagos capazes de transmitir uma variedade de doenças a humanos e animais. Este artigo aborda os aspetos clínicos relevantes das infestações por carraças, incluindo sintomas, sinais clínicos, exame físico, exames diagnósticos e abordagem em contexto de urgência.


Sintomas


Os sintomas associados às picadas de carraças e às doenças por elas transmitidas podem variar amplamente. Em muitos casos, a picada inicial pode passar despercebida. No entanto, os pacientes podem apresentar:


  • Febre


  • Fadiga


  • Cefaleias


  • Dores musculares e articulares


  • Arrepios


  • Perda de apetite


Em casos de doenças específicas transmitidas por carraças, como a doença de Lyme, pode surgir uma erupção cutânea característica em forma de alvo, conhecida como eritema migratório[1].


Sinais clínicos


Os sinais clínicos observáveis em pacientes afetados por picadas de carraça ou doenças por elas transmitidas incluem:


  • Erupção cutânea no local da picada


  • Edema e eritema ao redor da área afetada


  • Linfadenopatia


  • Icterícia (em casos de babesiose)


  • Paralisia ascendente (em casos de paralisia por carraças)[5]


Em animais, especialmente cães, os sinais clínicos podem incluir letargia, perda de peso, epistaxe (sangramento nasal) e urina escura (hiperpigmentada)[9].


Exame físico


O exame físico deve ser minucioso e incluir:


  • Inspeção detalhada da pele, com especial atenção ao couro cabeludo, axilas, virilhas e atrás das orelhas


  • Palpação de gânglios linfáticos


  • Avaliação da temperatura corporal


  • Exame neurológico para descartar sinais de paralisia ou envolvimento do sistema nervoso central


É essencial realizar uma anamnese completa, incluindo informações sobre atividades recentes ao ar livre e possível exposição a carraças[6].


Exames diagnósticos


O diagnóstico das doenças transmitidas por carraças pode requerer uma combinação de testes:


  • Análises sanguíneas: hemograma completo, perfil bioquímico e provas de coagulação


  • Provas serológicas: para deteção de anticorpos contra agentes patogénicos específicos


  • Reação em cadeia da polimerase (PCR): para identificar material genético de patógenos


  • Culturas: em casos selecionados, para isolar o agente infeccioso


Em alguns casos, pode realizar-se uma análise da carraça removida para identificação da espécie e dos possíveis patógenos que possa conter[4].


Abordagem em contexto de urgência


O tratamento de emergência das picadas de carraça inclui:


  • Remoção cuidadosa da carraça: com pinças de pontas finas, agarrando a carraça o mais próximo possível da pele e puxando de forma firme e contínua[6]


  • Desinfeção da área: limpar o local da picada com álcool ou água e sabão[5]


  • Observação: monitorizar o paciente por pelo menos 30 dias para sinais de doenças transmitidas por carraças[5]


  • Tratamento profilático: em zonas endémicas de doença de Lyme, pode considerar-se uma dose única de doxiciclina nas primeiras 72 horas após a picada[1]


  • Tratamento de complicações: em casos de paralisia por carraças, pode ser necessário suporte respiratório[5]


  • Notificação: comunicar às autoridades de saúde pública em casos de doenças de declaração obrigatória transmitidas por carraças[8]


O manejo eficaz das picadas de carraça e das doenças associadas exige uma abordagem multidisciplinar que inclua prevenção, diagnóstico precoce e tratamento atempado. A educação da população sobre medidas preventivas e o reconhecimento precoce dos sintomas é fundamental para reduzir a incidência e a gravidade destas patologias.


Citações:


 
 
 

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