Carraças
- EmergenciasUNO
- 16 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
As carraças são ectoparasitas hematófagos capazes de transmitir uma variedade de doenças a humanos e animais. Este artigo aborda os aspetos clínicos relevantes das infestações por carraças, incluindo sintomas, sinais clínicos, exame físico, exames diagnósticos e abordagem em contexto de urgência.
Sintomas
Os sintomas associados às picadas de carraças e às doenças por elas transmitidas podem variar amplamente. Em muitos casos, a picada inicial pode passar despercebida. No entanto, os pacientes podem apresentar:
Febre
Fadiga
Cefaleias
Dores musculares e articulares
Arrepios
Perda de apetite
Em casos de doenças específicas transmitidas por carraças, como a doença de Lyme, pode surgir uma erupção cutânea característica em forma de alvo, conhecida como eritema migratório[1].
Sinais clínicos
Os sinais clínicos observáveis em pacientes afetados por picadas de carraça ou doenças por elas transmitidas incluem:
Erupção cutânea no local da picada
Edema e eritema ao redor da área afetada
Linfadenopatia
Icterícia (em casos de babesiose)
Paralisia ascendente (em casos de paralisia por carraças)[5]
Em animais, especialmente cães, os sinais clínicos podem incluir letargia, perda de peso, epistaxe (sangramento nasal) e urina escura (hiperpigmentada)[9].
Exame físico
O exame físico deve ser minucioso e incluir:
Inspeção detalhada da pele, com especial atenção ao couro cabeludo, axilas, virilhas e atrás das orelhas
Palpação de gânglios linfáticos
Avaliação da temperatura corporal
Exame neurológico para descartar sinais de paralisia ou envolvimento do sistema nervoso central
É essencial realizar uma anamnese completa, incluindo informações sobre atividades recentes ao ar livre e possível exposição a carraças[6].
Exames diagnósticos
O diagnóstico das doenças transmitidas por carraças pode requerer uma combinação de testes:
Análises sanguíneas: hemograma completo, perfil bioquímico e provas de coagulação
Provas serológicas: para deteção de anticorpos contra agentes patogénicos específicos
Reação em cadeia da polimerase (PCR): para identificar material genético de patógenos
Culturas: em casos selecionados, para isolar o agente infeccioso
Em alguns casos, pode realizar-se uma análise da carraça removida para identificação da espécie e dos possíveis patógenos que possa conter[4].
Abordagem em contexto de urgência
O tratamento de emergência das picadas de carraça inclui:
Remoção cuidadosa da carraça: com pinças de pontas finas, agarrando a carraça o mais próximo possível da pele e puxando de forma firme e contínua[6]
Desinfeção da área: limpar o local da picada com álcool ou água e sabão[5]
Observação: monitorizar o paciente por pelo menos 30 dias para sinais de doenças transmitidas por carraças[5]
Tratamento profilático: em zonas endémicas de doença de Lyme, pode considerar-se uma dose única de doxiciclina nas primeiras 72 horas após a picada[1]
Tratamento de complicações: em casos de paralisia por carraças, pode ser necessário suporte respiratório[5]
Notificação: comunicar às autoridades de saúde pública em casos de doenças de declaração obrigatória transmitidas por carraças[8]
O manejo eficaz das picadas de carraça e das doenças associadas exige uma abordagem multidisciplinar que inclua prevenção, diagnóstico precoce e tratamento atempado. A educação da população sobre medidas preventivas e o reconhecimento precoce dos sintomas é fundamental para reduzir a incidência e a gravidade destas patologias.
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