Bloqueio Auriculoventricular (AV)
- EmergenciasUNO
- 10 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
O bloqueio auriculoventricular (AV) é uma causa de bradicardia, definida como uma frequência ventricular inferior a 60 batimentos por minuto em adultos.
Trata-se de uma alteração na condução elétrica entre as aurículas e os ventrículos do coração.
Causas de Bloqueio AV
Doença cardíaca isquémica (DCI)
Fármacos, incluindo:
Excesso de digoxina
Betabloqueadores
Antagonistas dos canais de cálcio
Cirurgia cardíaca
Toxicidade por anestésicos locais
Aumento da pressão intracraniana (↑ PIC)
Hipotiroidismo
Hipotermia
Hipóxia
Enfarte agudo do miocárdio (EAM)
Síndrome do nódulo sinusal doente (apesar de afetar primariamente o nó SA, pode apresentar síndrome taqui-bradi)
Classificação dos Graus de Bloqueio AV (ECG)
Bloqueio AV de 1.º grau: A condução das aurículas para os ventrículos ocorre sempre, mas com atraso.→ Intervalo PR > 0,2 segundos (5 quadrículas pequenas no ECG padrão).
Bloqueio AV de 2.º grau: Nem todas as ondas P são conduzidas aos ventrículos.
Mobitz tipo I (Wenckebach): O intervalo PR aumenta progressivamente até que uma onda P não é conduzida.
Mobitz tipo II: Bloqueio súbito de condução das ondas P, sem alteração progressiva do PR, que permanece constante nas conduções válidas.
Bloqueio AV de 3.º grau (completo): Nenhuma atividade auricular é conduzida aos ventrículos.
Bradicardia com QRS largo → pode indicar marcapasso de escape distal
Bradicardia com QRS estreito (~50 bpm) → pode indicar marcapasso de escape proximal
O bloqueio AV completo é uma contraindicação para o bloqueio de Bier (anestesia regional IV).
Apresentação Clínica
A apresentação é variável. O bloqueio AV de grau elevado pode causar:
Bradicardia importante
Hipotensão
Potencial evolução para paragem cardíaca
Doentes com síndrome do nódulo sinusal doente (por vezes com sobreposição de bloqueio AV) podem apresentar:
Tonturas
Colapso
Perda de consciência
Palpitações
Abordagem de Emergência da Bradicardia (Incluindo Bloqueio AV)
A conduta depende do estado clínico do doente e do risco de assistolia.
Se houver sinais de gravidade, como:
Choque
Síncope
Isquemia miocárdica
Insuficiência cardíaca
Risco de assistolia:
Pausas ventriculares >3 segundos
Mobitz II
Bloqueio completo com QRS largo
Devem ser consideradas medidas imediatas:
Atropina 500 mcg IV (repetir até máximo de 3 mg)
Estimulação transcutânea
Pode ser necessário marcapasso temporário, idealmente transvenoso
A estimulação elétrica pode ser ineficaz em intoxicações por betabloqueadores
Alternativas Farmacológicas (Conforme Algoritmo de Bradicardia)
Isoprenalina IV
Adrenalina IV
Aminofilina
Dopamina
Glucagom – especialmente em sobredosagem de betabloqueadores ou antagonistas do cálcio
Precauções com Fármacos Bloqueadores do Nó AV
Fármacos como digoxina, verapamilo e adenosina são bloqueadores do nó AV
Devem ser evitados em doentes com:
Fibrilhação auricular
Síndrome de Wolff–Parkinson–White (WPW)
→ Nestes casos, podem acelerar a condução pela via acessória, levando a colapso cardiovascular ou fibrilhação ventricular
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