Barotrauma
- EmergenciasUNO
- 2 de jul.
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MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
O barotrauma é uma lesão tecidular causada por alterações na pressão atmosférica ou da água que afeta principalmente estruturas corporais que contêm ar. Este fenómeno ocorre frequentemente durante atividades como mergulho, voos de avião ou exposições a explosões[1][2]. O órgão mais frequentemente afetado é o ouvido médio, embora também possa envolver os pulmões, seios paranasais e o trato gastrointestinal[3].
Sintomas
Os sintomas do barotrauma variam conforme a estrutura afetada, mas geralmente incluem:
Dor ou desconforto no ouvido
Sensação de pressão ou obstrução
Hipoacusia leve a moderada
Tinnitus (zumbidos)
Vertigem
Náuseas e vómitos (em casos severos)
Dispneia (em barotrauma pulmonar)
Dor facial ou epistaxe (em barotrauma dos seios paranasais)[1][3][4]
A intensidade dos sintomas costuma correlacionar-se com a gravidade do barotrauma, podendo variar de ligeiro incómodo a dor intensa e incapacitante[4].
Sinais clínicos
Podem ser observados os seguintes sinais clínicos:
Hiperemia e retração da membrana timpânica
Presença de bolhas ou nível hidroaéreo atrás da membrana timpânica
Hemotímpano
Perfuração timpânica (em casos severos)
Otorragia
Nistagmo (em casos com afetação vestibular)
Sinais de dificuldade respiratória (em barotrauma pulmonar)[1][5]
Avaliação
A avaliação física deve incluir:
Otoscopia: avaliação da integridade, cor e mobilidade da membrana timpânica — pode variar de hiperemia leve a perfuração ou hemotímpano[5]
Rinoscopia anterior: para detetar congestão nasal ou rinorreia
Palpação dos seios paranasais: para detetar dor à pressão
Auscultação pulmonar: em casos suspeitos de barotrauma pulmonar
Avaliação neurológica: incluindo testes vestibulares e de pares cranianos[2][5]
Exames complementares
O diagnóstico baseia-se principalmente na história clínica e exame físico, mas podem ser úteis:
Audiometria: para avaliar grau e tipo de hipoacusia
Timpanometria: para aferir pressão no ouvido médio e mobilidade timpânica
Radiografia de tórax: em casos suspeitos de barotrauma pulmonar
Tomografia computorizada: útil para avaliação dos seios paranasais e ouvido médio/interno em casos complexos
Ressonância magnética: pode ser necessária para excluir complicações intracranianas em casos severos[3][4]
Abordagem em Emergência
O manejo inicial do barotrauma no serviço de urgências deve incluir:
Avaliação rápida das vias aéreas, respiração e circulação (ABC)
Administração de oxigénio a 100% em casos de barotrauma pulmonar ou suspeita de embolia gasosa
Analgesia: anti-inflamatórios não esteroides ou opiáceos conforme a intensidade da dor
Descongestionantes nasais tópicos ou orais para melhorar a função da trompa de Eustáquio
Corticosteroides tópicos ou sistémicos em casos moderados a severos
Antibióticos profiláticos em casos de perfuração timpânica ou suspeita de infeção secundária
Manobras de Valsalva ou deglutição para equilibrar pressões (se não houver contraindicações)
Avaliação por otorrinolaringologia em casos de perfuração timpânica, vertigem persistente ou suspeita de fístula perilinfática
Considerar tratamento em câmara hiperbárica em casos de embolia gasosa arterial[1][2][5]
O barotrauma é uma condição potencialmente grave que requer diagnóstico e manejo atempados. A prevenção através de técnicas de equalização de pressões e a evicção de atividades de risco durante infeções respiratórias é fundamental para reduzir a sua incidência[3][4].
Citações
[2] https://www.msdmanuals.com/es/hogar/traumatismos-y-envenenamientos/lesiones-por-submarinismo-y-aire-comprimido/barotrauma
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