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Autoagressões

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



As autoagressões não suicidas (ANS) constituem um fenómeno complexo e preocupante, especialmente entre adolescentes. Definem-se como a lesão deliberada e intencional do tecido corporal sem intenção suicida[2][5]. Este artigo académico aborda os aspetos-chave das ANS, incluindo sintomas, sinais clínicos, exame, exames complementares e abordagem em contexto de emergência.


Sintomas


Os sintomas das ANS são sobretudo comportamentais e emocionais. Os indivíduos que se autoagridem costumam apresentar:


  • Sentimentos intensos de angústia emocional


  • Dificuldade na regulação emocional


  • Impulsos recorrentes para se autoagredir


  • Sensação de alívio temporário após a autoagressão


  • Culpa ou vergonha após o ato[1][8]


Estes sintomas podem estar associados a perturbações mentais subjacentes, como depressão ou perturbação borderline da personalidade[1].


Sinais clínicos


Os sinais clínicos das ANS são maioritariamente físicos e podem incluir:


  • Cicatrizes, frequentemente em padrões repetitivos


  • Feridas recentes ou em processo de cicatrização


  • Queimaduras


  • Hematomas


  • Zonas de pele irritada devido a fricção excessiva[8]


É comum observar estas lesões nos braços, pernas, abdómen e peito[8]. Os métodos mais frequentes incluem cortes, queimaduras, pancadas e picadas[5].


Exame clínico


A avaliação das ANS deve ser abrangente e sensível. Deve incluir:


Avaliação física:


  • Exame detalhado da pele em busca de lesões recentes ou cicatrizes[3].


Avaliação psicológica:


  • Investigar acontecimentos precipitantes


  • Explorar o histórico de autoagressões


  • Avaliar o humor e a presença de outros sintomas psiquiátricos[3]


Avaliação do risco:


  • Determinar a frequência e gravidade das autoagressões


  • Avaliar a presença de ideação suicida[3][5]


Avaliação social:


  • Explorar o ambiente familiar e social


  • Identificar potenciais fatores de stress ou traumas[3]


Exames complementares


O diagnóstico de ANS baseia-se principalmente na avaliação clínica, pois não existem exames específicos para o diagnóstico[1]. No entanto, podem ser utilizados instrumentos de avaliação como:


  • A Ficha de Autoagressões, que avalia métodos e frequência das autoagressões[2]


  • Escalas de avaliação de depressão e ansiedade


  • Avaliações de perturbações da personalidade[1]


Além disso, podem ser realizados exames laboratoriais para excluir condições médicas subjacentes ou complicações das autoagressões.


Abordagem em Emergência


A abordagem das ANS nos serviços de urgência deve ser abrangente e multidisciplinar:


Avaliação inicial:


  • Estabilização médica, se necessário


  • Avaliação do risco suicida[5]


Tratamento das lesões:


  • Tratamento de feridas, queimaduras ou ingestão de corpos estranhos


  • Prevenção de complicações como infeções[5]


Avaliação psiquiátrica:


  • Determinar a necessidade de internamento


  • Iniciar tratamento farmacológico, se necessário[1][5]


Plano de segurança:


  • Identificar estratégias alternativas de coping


  • Estabelecer um plano de seguimento[4]


Encaminhamento:


  • Referência para serviços de saúde mental para tratamento a longo prazo


  • Considerar terapias específicas como a terapia dialética-comportamental ou a terapia cognitivo-comportamental[7]


As ANS representam um desafio significativo que exige uma abordagem integral e compassiva. A identificação precoce, avaliação exaustiva e tratamento adequado são cruciais para prevenir complicações e promover a recuperação.


Citações



 
 
 

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