Autoagressões
- EmergenciasUNO

- 3 de jul.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
As autoagressões não suicidas (ANS) constituem um fenómeno complexo e preocupante, especialmente entre adolescentes. Definem-se como a lesão deliberada e intencional do tecido corporal sem intenção suicida[2][5]. Este artigo académico aborda os aspetos-chave das ANS, incluindo sintomas, sinais clínicos, exame, exames complementares e abordagem em contexto de emergência.
Sintomas
Os sintomas das ANS são sobretudo comportamentais e emocionais. Os indivíduos que se autoagridem costumam apresentar:
Sentimentos intensos de angústia emocional
Dificuldade na regulação emocional
Impulsos recorrentes para se autoagredir
Sensação de alívio temporário após a autoagressão
Culpa ou vergonha após o ato[1][8]
Estes sintomas podem estar associados a perturbações mentais subjacentes, como depressão ou perturbação borderline da personalidade[1].
Sinais clínicos
Os sinais clínicos das ANS são maioritariamente físicos e podem incluir:
Cicatrizes, frequentemente em padrões repetitivos
Feridas recentes ou em processo de cicatrização
Queimaduras
Hematomas
Zonas de pele irritada devido a fricção excessiva[8]
É comum observar estas lesões nos braços, pernas, abdómen e peito[8]. Os métodos mais frequentes incluem cortes, queimaduras, pancadas e picadas[5].
Exame clínico
A avaliação das ANS deve ser abrangente e sensível. Deve incluir:
Avaliação física:
Exame detalhado da pele em busca de lesões recentes ou cicatrizes[3].
Avaliação psicológica:
Investigar acontecimentos precipitantes
Explorar o histórico de autoagressões
Avaliar o humor e a presença de outros sintomas psiquiátricos[3]
Avaliação do risco:
Determinar a frequência e gravidade das autoagressões
Avaliar a presença de ideação suicida[3][5]
Avaliação social:
Explorar o ambiente familiar e social
Identificar potenciais fatores de stress ou traumas[3]
Exames complementares
O diagnóstico de ANS baseia-se principalmente na avaliação clínica, pois não existem exames específicos para o diagnóstico[1]. No entanto, podem ser utilizados instrumentos de avaliação como:
A Ficha de Autoagressões, que avalia métodos e frequência das autoagressões[2]
Escalas de avaliação de depressão e ansiedade
Avaliações de perturbações da personalidade[1]
Além disso, podem ser realizados exames laboratoriais para excluir condições médicas subjacentes ou complicações das autoagressões.
Abordagem em Emergência
A abordagem das ANS nos serviços de urgência deve ser abrangente e multidisciplinar:
Avaliação inicial:
Estabilização médica, se necessário
Avaliação do risco suicida[5]
Tratamento das lesões:
Tratamento de feridas, queimaduras ou ingestão de corpos estranhos
Prevenção de complicações como infeções[5]
Avaliação psiquiátrica:
Determinar a necessidade de internamento
Iniciar tratamento farmacológico, se necessário[1][5]
Plano de segurança:
Identificar estratégias alternativas de coping
Estabelecer um plano de seguimento[4]
Encaminhamento:
Referência para serviços de saúde mental para tratamento a longo prazo
Considerar terapias específicas como a terapia dialética-comportamental ou a terapia cognitivo-comportamental[7]
As ANS representam um desafio significativo que exige uma abordagem integral e compassiva. A identificação precoce, avaliação exaustiva e tratamento adequado são cruciais para prevenir complicações e promover a recuperação.
Citações
[4] https://www.elsevier.es/es-revista-medicina-familia-semergen-40-articulo-autolesiones-no-suicidas-adolescentes-prevencion-S1138359319300784
[5] https://www.npunto.es/revista/70/atencion-de-la-autolesion-no-suicida-en-el-servicio-de-urgencias

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