Aspirina
- EmergenciasUNO
- 10 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
A aspirina, também conhecida como ácido acetilsalicílico (AAS), é um medicamento amplamente utilizado com efeitos analgésicos, antipiréticos e anti-inflamatórios ligeiros.
Ações Terapêuticas
É um analgésico eficaz para:
Cefaleias
Dor musculoesquelética
Dismenorreia
Possui também ação:
Antipirética (reduz a febre)
Anti-inflamatória leve
As formulações standard contêm 300 mg de ácido acetilsalicílico por comprimido.
Posologia (Adultos)
Para analgesia: 300 a 900 mg por via oral, a cada 4 a 6 horas
Dose máxima diária: 4 g
Utilizações Específicas em Contexto de Urgência
Síndromes Coronários Agudos (Enfarte Agudo do Miocárdio – EAM)
Em contexto de EAM, deve ser administrada aspirina 300 mg para mastigar e engolir o mais precocemente possível
Em casos de EAM com supradesnivelamento do segmento ST (STEMI), se ainda não administrada, é obrigatória uma dose de ataque de 300 mg
Após o evento agudo (STEMI ou NSTEMI), deve manter-se aspirina 75 mg VO diariamente de forma indefinida
Acidente Vascular Cerebral (AVC)
Após exclusão de hemorragia intracraniana, todos os doentes devem receber 300 mg de aspirina o mais rapidamente possível
Se o doente não conseguir engolir, pode ser administrada por via retal
Em caso de alergia à aspirina, deve usar-se um antiagregante alternativo como o clopidogrel
Em doentes com próteses valvulares e AVC incapacitante em que foi suspensa a varfarina, iniciar aspirina 300 mg/dia durante 7 dias
Precauções e Contraindicações
Populações Especiais:
Crianças <16 anos: contraindicado (risco de síndrome de Reye)
Amamentação: contraindicado
Interações medicamentosas:
Varfarina
Alguns anticonvulsivantes
Diversos outros fármacos com risco hemorrágico
Condições clínicas de risco:
Pode exacerbar a asma
Risco de irritação gástrica
Raramente, pode causar reacções anafiláticas
Em casos de porfiria, deve consultar-se o compêndio terapêutico antes de prescrever
Deve assegurar-se um intervalo superior a 2 horas entre a ingestão de aspirina e uma transfusão de plaquetas
Toxicidade e Intoxicação por Salicilatos
Doses Tóxicas:
≥150 mg/kg → toxicidade ligeira
≥500 mg/kg → intoxicação grave e potencialmente fatal
Pode ocorrer intoxicação por absorção cutânea (ex: pomadas com salicilatos)
Sintomas comuns:
Vómitos
Zumbidos (tinnitus)
Hipoacusia
Sudorese
Vasodilatação
Hiperventilação
Desidratação
Possível hipocalemia
Intoxicação grave:
Confusão
Coma
Convulsões
Salicilato >700 mg/L (5,1 mmol/L), acidose ou sinais neurológicos → risco elevado de morte
Tratamento da Intoxicação Moderada
Reposição de fluidos IV para corrigir desidratação e promover excreção renal
Bicarbonato de sódio 1,26% IV para alcalinização urinária→ Objetivo: pH urinário >7,5 (ideal 8,0–8,5)→ Aumenta a eliminação de salicilato
Monitorização analítica:
Níveis séricos de salicilato
Função renal
Eletrólitos (corrigir potássio conforme necessário)
Tratamento da Intoxicação Grave
Procurar apoio especializado urgente
Considerar hemodiálise em casos de intoxicação severa
Corrigir acidose metabólica
Administrar carvão ativado em doses repetidas por sonda nasogástrica
Em caso de coma ou hiperventilação grave, considerar paralisia e ventilação com pressão positiva intermitente (IPPV)
Administrar glucose IV
Não utilizar diurese forçada
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