Artrite Gonocócica
- EmergenciasUNO

- 15 de jul.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS MENORES
A artrite gonocócica é uma forma de artrite séptica causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, transmitida por via sexual. Apresenta-se em duas fases clínicas:
Uma fase de disseminação sistémica com febre, dermatite e tenossinovite
Uma fase articular purulenta localizada, com artrite monoarticular ou oligoarticular aguda.
Esta condição é mais comum em adultos jovens sexualmente ativos e constitui uma das causas mais frequentes de artrite infeciosa nesta população.
Diagnóstico
O diagnóstico baseia-se na identificação de uma infeção gonocócica recente ou ativa, associada ao início de sintomas articulares e sistémicos.
Na fase disseminada, o doente pode apresentar:
Febre
Lesões cutâneas (pústulas ou vesículas)
Tenossinovite (inflamação de bainhas tendinosas)
Artralgias migratórias
Na fase purulenta articular, há:
Artrite monoarticular ou oligoarticular aguda
Derrame articular e dor intensa
Os culturas do líquido sinovial podem ser negativas. Por isso, recomenda-se:
Culturas de locais mucosos (colo do útero, uretra, faringe, reto)
Testes moleculares (PCR) para deteção de N. gonorrhoeae
Diagnóstico Diferencial
Condição | Características Distintivas |
Artrite séptica não gonocócica | Febre alta, monoartrite, líquido sinovial purulento com outras bactérias que não N. gonorrhoeae |
Artrite reativa | Artrite pós-infecciosa, assimétrica, culturas negativas, associada a infeções gastrointestinais ou urinárias |
Artrite reumatoide | Poliartrite simétrica, serologias positivas (FR, anti-CCP), doença crónica, não infeciosa |
Gota | Crises agudas de monoartrite, cristais de urato no líquido sinovial, predileção pelo 1.º dedo do pé |
Lúpus eritematoso sistémico | Afeção multissistémica, autoanticorpos positivos (ANA, anti-DNA), lesões cutâneas, ausência de infeção bacteriana |
Abordagem na Urgência
O tratamento de emergência da artrite gonocócica exige administração imediata de antibióticos. Recomenda-se:
Ceftriaxona intravenosa 1 g a cada 24 horas, de forma empírica
Em caso de coinfeção com Chlamydia trachomatis: azitromicina 1 g em dose única
Nos casos de artrite purulenta, é importante proceder ao drenagem articular para alívio da dor e prevenção de lesão articular. A imobilização temporária da articulação afetada pode ser necessária.
Tratamento Definitivo
O tratamento definitivo inclui:
Antibioterapia por 7 a 14 dias, conforme resposta clínica
Se houver melhoria clínica, pode-se transitar para tratamento oral com, por exemplo, cefixima
As parceiras/parceiros sexuais devem ser rastreados e tratados, a fim de prevenir reinfeções. Após controlo da infeção, a reabilitação física é essencial para recuperar a mobilidade e prevenir rigidez articular.

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