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Artrite Gonocócica

MANUAL DE EMERGÊNCIAS MENORES



A artrite gonocócica é uma forma de artrite séptica causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, transmitida por via sexual. Apresenta-se em duas fases clínicas:


  1. Uma fase de disseminação sistémica com febre, dermatite e tenossinovite


  2. Uma fase articular purulenta localizada, com artrite monoarticular ou oligoarticular aguda.


Esta condição é mais comum em adultos jovens sexualmente ativos e constitui uma das causas mais frequentes de artrite infeciosa nesta população.


Diagnóstico


O diagnóstico baseia-se na identificação de uma infeção gonocócica recente ou ativa, associada ao início de sintomas articulares e sistémicos.


Na fase disseminada, o doente pode apresentar:


  • Febre


  • Lesões cutâneas (pústulas ou vesículas)


  • Tenossinovite (inflamação de bainhas tendinosas)


  • Artralgias migratórias


Na fase purulenta articular, há:


  • Artrite monoarticular ou oligoarticular aguda


  • Derrame articular e dor intensa


Os culturas do líquido sinovial podem ser negativas. Por isso, recomenda-se:


  • Culturas de locais mucosos (colo do útero, uretra, faringe, reto)


  • Testes moleculares (PCR) para deteção de N. gonorrhoeae


Diagnóstico Diferencial

Condição

Características Distintivas

Artrite séptica não gonocócica

Febre alta, monoartrite, líquido sinovial purulento com outras bactérias que não N. gonorrhoeae

Artrite reativa

Artrite pós-infecciosa, assimétrica, culturas negativas, associada a infeções gastrointestinais ou urinárias

Artrite reumatoide

Poliartrite simétrica, serologias positivas (FR, anti-CCP), doença crónica, não infeciosa

Gota

Crises agudas de monoartrite, cristais de urato no líquido sinovial, predileção pelo 1.º dedo do pé

Lúpus eritematoso sistémico

Afeção multissistémica, autoanticorpos positivos (ANA, anti-DNA), lesões cutâneas, ausência de infeção bacteriana

Abordagem na Urgência


O tratamento de emergência da artrite gonocócica exige administração imediata de antibióticos. Recomenda-se:


  • Ceftriaxona intravenosa 1 g a cada 24 horas, de forma empírica


  • Em caso de coinfeção com Chlamydia trachomatis: azitromicina 1 g em dose única


Nos casos de artrite purulenta, é importante proceder ao drenagem articular para alívio da dor e prevenção de lesão articular. A imobilização temporária da articulação afetada pode ser necessária.


Tratamento Definitivo


O tratamento definitivo inclui:


  • Antibioterapia por 7 a 14 dias, conforme resposta clínica


  • Se houver melhoria clínica, pode-se transitar para tratamento oral com, por exemplo, cefixima


As parceiras/parceiros sexuais devem ser rastreados e tratados, a fim de prevenir reinfeções. Após controlo da infeção, a reabilitação física é essencial para recuperar a mobilidade e prevenir rigidez articular.

 
 
 

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