Apresentação Inicial do VIH nas Urgências
- EmergenciasUNO
- 17 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
O Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) continua a representar um desafio relevante de saúde pública a nível global. A apresentação inicial de doentes com infeção por VIH nos serviços de urgência constitui uma oportunidade crucial para o diagnóstico precoce e início atempado da terapêutica. Este artigo aborda os aspetos essenciais da apresentação inicial do VIH em contexto de emergência.
Sintomas
Os sintomas da infeção aguda por VIH podem surgir entre 2 a 4 semanas após a exposição ao vírus. Cerca de dois terços dos indivíduos infetados desenvolvem uma síndrome semelhante à gripe, conhecida como síndrome retroviral agudo[7]. Os sintomas mais comuns incluem:
Febre
Arrepios
Exantema
Sudorese noturna
Mialgias
Odinofagia
Fadiga
Adenopatias
Úlceras orais
Importa referir que estes sintomas podem persistir de poucos dias até várias semanas, e algumas pessoas podem permanecer assintomáticas nesta fase inicial[7].
Sinais clínicos
Durante a avaliação física, os profissionais de saúde devem estar atentos aos seguintes sinais sugestivos de infeção por VIH:
Linfadenopatia generalizada persistente
Candidíase orofaríngea
Exantemas ou lesões mucocutâneas
Sinais de infeções oportunistas, como pneumonia por Pneumocystis jirovecii
Perda de peso inexplicada
Febre persistente
Exame físico
A exploração clínica deve ser detalhada e sistemática, incluindo:
Avaliação do estado geral e sinais vitais
Inspeção cutânea para deteção de lesões
Palpação ganglionar
Exame da cavidade oral
Auscultação cardíaca e pulmonar
Palpação abdominal
Avaliação neurológica básica
Meios complementares de diagnóstico
O diagnóstico definitivo da infeção por VIH baseia-se em exames laboratoriais específicos. Em contexto de urgência, podem ser realizados os seguintes testes[4][8]:
Testes rápidos de antigénios e anticorpos: Permitem detetar a infeção entre 18 e 90 dias após a exposição.
Teste de ácido nucleico (NAT): Deteta o vírus diretamente no sangue, podendo ser positivo entre 10 e 33 dias após a exposição.
Western Blot: Principal exame confirmatório para o diagnóstico de VIH.
Outros exames importantes para avaliar o estado imunológico e investigar infeções oportunistas incluem:
Contagem de linfócitos CD4
Carga viral
Hemograma completo
Provas de função hepática e renal
Radiografia torácica
Hemoculturas e uroculturas
Abordagem em contexto de emergência
O manejo inicial de doentes com suspeita ou diagnóstico confirmado de VIH em serviços de urgência deve incluir[6]:
Estabilização clínica: Tratar quaisquer condições agudas com risco de vida.
Avaliação imunológica: Determinar a contagem de CD4 e carga viral, se possível.
Diagnóstico e terapêutica de infeções oportunistas: Iniciar tratamento empírico quando se suspeite de infeções graves, como pneumonia por Pneumocystis jirovecii.
Profilaxia: Considerar profilaxia para infeções oportunistas em indivíduos com contagem de CD4 reduzida.
Encaminhamento especializado: Assegurar seguimento com equipa especializada em VIH para início da TARV.
Educação do doente: Informar sobre a doença, medidas preventivas e importância do acompanhamento médico.
Notificação a parceiros: Apoiar o doente na notificação a parceiros sexuais ou utilizadores de drogas injetáveis.
O reconhecimento precoce da infeção por VIH nos serviços de urgência é essencial para melhorar o prognóstico a longo prazo. Os profissionais de saúde devem manter um elevado índice de suspeição e realizar testes diagnósticos em indivíduos com fatores de risco ou apresentações clínicas sugestivas.
Citações
[3] https://revistaemergencias.org/numeros-anteriores/volumen-34/numero-3/eficiencia-del-cribado-de-vih-en-urgencias-revision-sistematica-y-metanalisis/
[5] https://www.hiv.gov/es/informacion-basica/vivir-sanamente-con-vih/cuidar-de-si-mismo/emergencias-y-desastres
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