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Apresentação Inicial do VIH nas Urgências

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



O Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) continua a representar um desafio relevante de saúde pública a nível global. A apresentação inicial de doentes com infeção por VIH nos serviços de urgência constitui uma oportunidade crucial para o diagnóstico precoce e início atempado da terapêutica. Este artigo aborda os aspetos essenciais da apresentação inicial do VIH em contexto de emergência.


Sintomas


Os sintomas da infeção aguda por VIH podem surgir entre 2 a 4 semanas após a exposição ao vírus. Cerca de dois terços dos indivíduos infetados desenvolvem uma síndrome semelhante à gripe, conhecida como síndrome retroviral agudo[7]. Os sintomas mais comuns incluem:


  • Febre


  • Arrepios


  • Exantema


  • Sudorese noturna


  • Mialgias


  • Odinofagia


  • Fadiga


  • Adenopatias


  • Úlceras orais


Importa referir que estes sintomas podem persistir de poucos dias até várias semanas, e algumas pessoas podem permanecer assintomáticas nesta fase inicial[7].


Sinais clínicos


Durante a avaliação física, os profissionais de saúde devem estar atentos aos seguintes sinais sugestivos de infeção por VIH:


  • Linfadenopatia generalizada persistente


  • Candidíase orofaríngea


  • Exantemas ou lesões mucocutâneas


  • Sinais de infeções oportunistas, como pneumonia por Pneumocystis jirovecii


  • Perda de peso inexplicada


  • Febre persistente


Exame físico


A exploração clínica deve ser detalhada e sistemática, incluindo:


  • Avaliação do estado geral e sinais vitais


  • Inspeção cutânea para deteção de lesões


  • Palpação ganglionar


  • Exame da cavidade oral


  • Auscultação cardíaca e pulmonar


  • Palpação abdominal


  • Avaliação neurológica básica


Meios complementares de diagnóstico


O diagnóstico definitivo da infeção por VIH baseia-se em exames laboratoriais específicos. Em contexto de urgência, podem ser realizados os seguintes testes[4][8]:


  • Testes rápidos de antigénios e anticorpos: Permitem detetar a infeção entre 18 e 90 dias após a exposição.


  • Teste de ácido nucleico (NAT): Deteta o vírus diretamente no sangue, podendo ser positivo entre 10 e 33 dias após a exposição.


  • Western Blot: Principal exame confirmatório para o diagnóstico de VIH.


Outros exames importantes para avaliar o estado imunológico e investigar infeções oportunistas incluem:


  • Contagem de linfócitos CD4


  • Carga viral


  • Hemograma completo


  • Provas de função hepática e renal


  • Radiografia torácica


  • Hemoculturas e uroculturas


Abordagem em contexto de emergência


O manejo inicial de doentes com suspeita ou diagnóstico confirmado de VIH em serviços de urgência deve incluir[6]:


  • Estabilização clínica: Tratar quaisquer condições agudas com risco de vida.


  • Avaliação imunológica: Determinar a contagem de CD4 e carga viral, se possível.


  • Diagnóstico e terapêutica de infeções oportunistas: Iniciar tratamento empírico quando se suspeite de infeções graves, como pneumonia por Pneumocystis jirovecii.


  • Profilaxia: Considerar profilaxia para infeções oportunistas em indivíduos com contagem de CD4 reduzida.


  • Encaminhamento especializado: Assegurar seguimento com equipa especializada em VIH para início da TARV.


  • Educação do doente: Informar sobre a doença, medidas preventivas e importância do acompanhamento médico.


  • Notificação a parceiros: Apoiar o doente na notificação a parceiros sexuais ou utilizadores de drogas injetáveis.


O reconhecimento precoce da infeção por VIH nos serviços de urgência é essencial para melhorar o prognóstico a longo prazo. Os profissionais de saúde devem manter um elevado índice de suspeição e realizar testes diagnósticos em indivíduos com fatores de risco ou apresentações clínicas sugestivas.


Citações


 
 
 

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