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Apresentação de Doentes VIH Positivos

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A infeção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) é uma patologia que afeta progressivamente o sistema imunitário, destruindo determinados glóbulos brancos e aumentando a suscetibilidade a infeções e neoplasias[7]. A apresentação clínica de indivíduos VIH positivos pode variar amplamente, desde a infeção aguda até manifestações avançadas da síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA).


Sintomas


Os sintomas variam conforme o estádio da doença[6]. Na fase de infeção aguda (2 a 4 semanas após a exposição), os pacientes podem apresentar:


  • Febre


  • Cefaleia


  • Mialgias e artralgias


  • Fadiga extrema


  • Sudorese noturna


  • Exantema


  • Odinofagia


  • Adenopatias


  • Diarreia[1][3][6]


Importa salientar que alguns indivíduos podem ser assintomáticos ou apresentar sintomas ligeiros nesta fase inicial[6].


Na fase crónica da infeção, o doente pode manter-se assintomático ou manifestar sintomas leves durante vários anos[6]. Com a progressão para SIDA, surgem sintomas mais severos, como:


  • Perda de peso rápida


  • Febre recorrente


  • Sudorese noturna intensa


  • Fadiga marcada


  • Diarreia persistente


  • Úlceras orais ou genitais[3][6]


Sinais clínicos


Os sinais clínicos possíveis incluem:


  • Linfadenopatia generalizada


  • Candidíase oral


  • Herpes-zóster


  • Lesões dermatológicas


  • Pneumonia por Pneumocystis jirovecii


  • Sarcoma de Kaposi[3][7]


Exame físico


A avaliação clínica deve ser detalhada e incluir:


  • Avaliação do estado geral e nutricional


  • Exame cutâneo para deteção de lesões ou exantemas


  • Palpação de cadeias ganglionares


  • Inspeção da cavidade oral


  • Auscultação pulmonar


  • Palpação abdominal


  • Avaliação neurológica básica[7]


Meios complementares de diagnóstico


O diagnóstico da infeção por VIH baseia-se, principalmente, em testes serológicos[4]. Os mais utilizados são:


  • Testes de anticorpos: Detetam anticorpos contra o VIH no sangue ou na saliva. Janela imunológica: 23–90 dias[5].


  • Testes combinados de antigénio/anticorpo: Identificam o antigénio p24 e anticorpos. Janela imunológica: 18–45 dias (sangue venoso) e 18–90 dias (sangue capilar)[5].


  • Testes de ácido nucleico (NAT): Detetam ARN do VIH no sangue. Positivos 10–33 dias após exposição[5].


  • Western Blot: Utilizado como teste confirmatório em casos com rastreio positivo[4].


Abordagem em contexto de emergência


A abordagem de doentes VIH positivos nas urgências deve centrar-se em:


  • Avaliação imediata dos sinais vitais e do estado geral


  • Identificação e tratamento de infeções oportunistas ou complicações agudas


  • Realização dos exames laboratoriais necessários: hemograma, bioquímica sanguínea, exames de imagem se necessário


  • Início ou manutenção da terapêutica antirretroviral (TAR), quando indicada[7]


  • Em caso de exposição recente (<72h), considerar profilaxia pós-exposição (PEP)[5]


  • Fornecer apoio psicológico e aconselhamento


  • Assegurar seguimento com especialistas em VIH para acompanhamento a longo prazo


É crucial que os profissionais das urgências estejam capacitados para gerir doentes VIH positivos e que se adotem medidas de precaução universal para evitar a transmissão do vírus[7].


A apresentação clínica dos doentes VIH positivos pode ser variável e complexa, exigindo uma abordagem abrangente, desde a suspeita clínica ao diagnóstico e gestão adequados.


O reconhecimento precoce de sintomas e sinais, aliado ao uso de testes diagnósticos apropriados, é fundamental para proporcionar um tratamento eficaz e melhorar o prognóstico a longo prazo.


Citações


 
 
 

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