Apendicite Aguda
- EmergenciasUNO
- 11 de jun.
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MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
A apendicite aguda é a inflamação do apêndice cecal ou vermiforme, sendo uma das causas mais frequentes de dor abdominal aguda, especialmente em indivíduos com menos de 50 anos[4]. Esta patologia exige um diagnóstico rigoroso e uma abordagem atempada para evitar complicações potencialmente graves.
Sintomas
O quadro clínico típico da apendicite aguda caracteriza-se por uma série de sintomas distintivos:
Dor abdominal: Inicialmente periumbilical ou epigástrica, que migra para o quadrante inferior direito nas primeiras 24 horas[1][3].
Anorexia: Perda de apetite é um sintoma precoce e frequente[4].
Náuseas e vómitos: Costumam surgir pouco depois do início da dor[3][4].
Febre: Pode estar presente, habitualmente de baixo grau nas fases iniciais[6].
Nos idosos, a apresentação clínica pode ser atípica, com menor frequência de náuseas e vómitos, mas maior incidência de anorexia e obstipação[7].
Sinais Clínicos
O exame físico revela sinais clássicos de apendicite aguda:
Dor à palpação no ponto de McBurney: Localizado na junção dos terços médio e externo da linha entre o umbigo e a espinha ilíaca ântero-superior[3].
Sinal de Blumberg: Dor à descompressão brusca no quadrante inferior direito[3].
Rigidez abdominal: Contracção muscular involuntária indicativa de irritação peritoneal[5].
Sinal do psoas: Dor à extensão da anca direita[4].
Sinal do obturador: Dor ao flexionar e rodar internamente a anca direita[4].
Exame Clínico
A avaliação deve ser metódica e abrangente:
Palpação abdominal: Para localizar o ponto de dor máxima e avaliar sinais de irritação peritoneal[5][7].
Percussão abdominal: Pode revelar timpanismo ou submacicez localizada[2].
Toque rectal digital: Pode evidenciar dor no lado direito do recto[6].
Avaliação de sinais vitais: Febre e taquicardia podem estar presentes[6].
Exames Complementares
O diagnóstico baseia-se numa combinação de dados clínicos e exames complementares:
Análises laboratoriais:
Leucocitose (>10.000 células/mm³) com desvio à esquerda é comum[4][6].
Proteína C reativa (PCR): Níveis elevados (>1,5 mg/l) são sugestivos de inflamação apendicular[4].
Exame sumário de urina: Para excluir infecção urinária[1][2].
Teste de gravidez: Obrigatório em mulheres em idade fértil[2].
Exames de imagem:
Ecografia abdominal: Alta sensibilidade e especificidade, especialmente útil em crianças e grávidas[2][7].
Tomografia Computorizada (TC): Maior precisão diagnóstica em casos duvidosos[4][7].
Abordagem nas Urgências
A atuação na urgência deve ser célere e estruturada:
Avaliação inicial: Anamnese detalhada e exame físico completo[2][7].
Suspensão da via oral[2].
Hidratação intravenosa[2].
Analgesia: Deve ser administrada com controlo adequado para não mascarar a evolução clínica[2].
Antibioterapia: Indicada se houver suspeita de perfuração ou abcesso[2].
Aplicação de escalas de risco: Como a Escala de Alvarado modificada, útil na estratificação diagnóstica[4].
Consulta de cirurgia: Diante de suspeita elevada de apendicite, deve-se contactar o cirurgião de serviço para avaliação e eventual abordagem cirúrgica[7].
A apendicite aguda continua a ser um desafio diagnóstico que exige um elevado índice de suspeita clínica e uma abordagem integrada. O diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais para evitar complicações e melhorar o prognóstico do paciente.
A combinação de anamnese pormenorizada, exame físico rigoroso e exames complementares permite uma abordagem diagnóstica e terapêutica eficaz desta condição cirúrgica comum.
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