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Apendicite Aguda

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A apendicite aguda é a inflamação do apêndice cecal ou vermiforme, sendo uma das causas mais frequentes de dor abdominal aguda, especialmente em indivíduos com menos de 50 anos[4]. Esta patologia exige um diagnóstico rigoroso e uma abordagem atempada para evitar complicações potencialmente graves.


Sintomas


O quadro clínico típico da apendicite aguda caracteriza-se por uma série de sintomas distintivos:


  • Dor abdominal: Inicialmente periumbilical ou epigástrica, que migra para o quadrante inferior direito nas primeiras 24 horas[1][3].


  • Anorexia: Perda de apetite é um sintoma precoce e frequente[4].


  • Náuseas e vómitos: Costumam surgir pouco depois do início da dor[3][4].


  • Febre: Pode estar presente, habitualmente de baixo grau nas fases iniciais[6].


Nos idosos, a apresentação clínica pode ser atípica, com menor frequência de náuseas e vómitos, mas maior incidência de anorexia e obstipação[7].


Sinais Clínicos


O exame físico revela sinais clássicos de apendicite aguda:


  • Dor à palpação no ponto de McBurney: Localizado na junção dos terços médio e externo da linha entre o umbigo e a espinha ilíaca ântero-superior[3].


  • Sinal de Blumberg: Dor à descompressão brusca no quadrante inferior direito[3].


  • Rigidez abdominal: Contracção muscular involuntária indicativa de irritação peritoneal[5].


  • Sinal do psoas: Dor à extensão da anca direita[4].


  • Sinal do obturador: Dor ao flexionar e rodar internamente a anca direita[4].


Exame Clínico


A avaliação deve ser metódica e abrangente:


  • Palpação abdominal: Para localizar o ponto de dor máxima e avaliar sinais de irritação peritoneal[5][7].


  • Percussão abdominal: Pode revelar timpanismo ou submacicez localizada[2].


  • Toque rectal digital: Pode evidenciar dor no lado direito do recto[6].


  • Avaliação de sinais vitais: Febre e taquicardia podem estar presentes[6].


Exames Complementares


O diagnóstico baseia-se numa combinação de dados clínicos e exames complementares:


  • Análises laboratoriais:


    • Leucocitose (>10.000 células/mm³) com desvio à esquerda é comum[4][6].


    • Proteína C reativa (PCR): Níveis elevados (>1,5 mg/l) são sugestivos de inflamação apendicular[4].


    • Exame sumário de urina: Para excluir infecção urinária[1][2].


    • Teste de gravidez: Obrigatório em mulheres em idade fértil[2].


  • Exames de imagem:


    • Ecografia abdominal: Alta sensibilidade e especificidade, especialmente útil em crianças e grávidas[2][7].


    • Tomografia Computorizada (TC): Maior precisão diagnóstica em casos duvidosos[4][7].


Abordagem nas Urgências


A atuação na urgência deve ser célere e estruturada:


  • Avaliação inicial: Anamnese detalhada e exame físico completo[2][7].


  • Suspensão da via oral[2].


  • Hidratação intravenosa[2].


  • Analgesia: Deve ser administrada com controlo adequado para não mascarar a evolução clínica[2].


  • Antibioterapia: Indicada se houver suspeita de perfuração ou abcesso[2].


  • Aplicação de escalas de risco: Como a Escala de Alvarado modificada, útil na estratificação diagnóstica[4].


  • Consulta de cirurgia: Diante de suspeita elevada de apendicite, deve-se contactar o cirurgião de serviço para avaliação e eventual abordagem cirúrgica[7].


A apendicite aguda continua a ser um desafio diagnóstico que exige um elevado índice de suspeita clínica e uma abordagem integrada. O diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais para evitar complicações e melhorar o prognóstico do paciente.


A combinação de anamnese pormenorizada, exame físico rigoroso e exames complementares permite uma abordagem diagnóstica e terapêutica eficaz desta condição cirúrgica comum.


Citações:


 
 
 

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