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AINEs

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



Os AINEs devem ser prescritos na menor dose eficaz e durante o menor período de tempo possível, de forma a minimizar os efeitos adversos. Ao prescrever AINEs, é essencial considerar os fatores de risco individuais para efeitos adversos. Isto inclui a avaliação de quaisquer contraindicações, interações medicamentosas, antecedentes clínicos do doente e a necessidade de monitorização.



Condições Específicas


Insuficiência Cardíaca:Os AINEs podem agravar a insuficiência cardíaca devido à retenção de fluidos e ao aumento da pressão arterial. O uso de AINEs deve ser evitado em doentes com insuficiência cardíaca grave. Em casos de insuficiência ligeira a moderada, pode considerar-se a prescrição de ibuprofeno em doses baixas (≤1200 mg/dia) ou naproxeno (≤1000 mg/dia), devendo evitar-se os inibidores seletivos da COX-2 (como celecoxib e etoricoxib) e o diclofenac, pois estão associados a um risco cardiovascular aumentado.


Doença Cardiovascular:Em indivíduos com antecedentes de doença cardiovascular, como cardiopatia isquémica, doença cerebrovascular ou arterial periférica, devem preferir-se opções como ibuprofeno em doses baixas ou naproxeno. AINEs como diclofenac, inibidores seletivos da COX-2, ou ibuprofeno em doses elevadas (>1200 mg/dia) estão contraindicados devido ao maior risco de eventos trombóticos.


Insuficiência Renal:Os AINEs podem reduzir a perfusão renal ao inibir as prostaglandinas vasodilatadoras. Em doentes com insuficiência renal grave (TFG <30 mL/min), deve evitar-se o uso de AINEs. Se forem considerados necessários, exige-se uma monitorização rigorosa da função renal.


Prevenção de Efeitos Adversos Gastrointestinais (GI)


Deve considerar-se o uso de analgésicos alternativos, especialmente em indivíduos com risco elevado de complicações GI, como hemorragia ou úlceras. Em doentes com risco moderado, pode ser co-prescrito um inibidor da bomba de protões (IBP) juntamente com um AINE, para proteção gástrica.


AINEs de curta duração:Devem preferir-se AINEs de curta ação, como o ibuprofeno, em detrimento dos de longa duração, como o naproxeno, para reduzir o risco de efeitos GI.

Evitar o uso concomitante de AINEs com aspirina em doses baixas, pois tal aumenta o risco de hemorragia.


Monitorização


A monitorização é essencial para detetar complicações potenciais associadas ao uso de AINEs:


  • Função Renal: Avaliação periódica da função renal em doentes com insuficiência renal ou em tratamento com medicamentos nefrotóxicos.


  • Pressão Arterial: Medição regular, particularmente em indivíduos com hipertensão ou doença cardiovascular.


  • Hemograma: Monitorizar os níveis de hemoglobina em indivíduos com risco elevado de eventos GI.


Situações Especiais


Gravidez:


Os AINEs devem ser evitados no terceiro trimestre devido ao risco de encerramento prematuro do ductus arteriosus e oligohidrâmnios. Após as 20 semanas de gestação, só devem ser usados com extrema precaução e se absolutamente necessário.


Amamentação:O ibuprofeno é o AINE de eleição durante a amamentação devido ao seu perfil de segurança. AINEs de longa duração, como o naproxeno, devem ser evitados.


Diagnóstico


Avaliação do Risco:Antes de prescrever um AINE, é necessário avaliar os fatores de risco que aumentem a probabilidade de ocorrência de efeitos adversos, tais como:


  • Insuficiência Renal ou Cardíaca: Maior risco de complicações renais e cardiovasculares.


  • Histórico de Úlcera Péptica: Indivíduos com antecedentes de úlceras ou hemorragia GI devem ser tratados com cautela.


  • Uso Concomitante de Medicamentos: Fármacos como anticoagulantes, corticosteroides ou antidepressivos aumentam o risco de hemorragia e devem ser considerados na decisão terapêutica.


Avaliação Cardiovascular:


Os AINEs, especialmente os inibidores da COX-2 e o diclofenac, estão associados a maior risco de eventos cardiovasculares, incluindo enfarte agudo do miocárdio e AVC. Em doentes com doença cardíaca ou fatores de risco cardiovascular (hipertensão, diabetes, tabagismo), devem ser selecionados AINEs com menor risco cardiovascular, como ibuprofeno em doses baixas ou naproxeno.


Monitorização da Função Renal:


Os AINEs podem provocar nefrotoxicidade ao reduzir o fluxo sanguíneo renal. Isto é particularmente relevante em doentes com insuficiência renal prévia, diabetes ou hipertensão. A monitorização regular da função renal é essencial, especialmente em tratamentos prolongados.


Diagnóstico Diferencial


Ao utilizar AINEs, é fundamental distinguir entre efeitos adversos e outras patologias subjacentes ou concomitantes:


  • Úlcera Péptica: Os AINEs aumentam o risco de úlceras gástricas e duodenais. Sintomas incluem dor abdominal, dispepsia e hemorragia GI.


  • Insuficiência Renal Aguda: Pode ser desencadeada por AINEs em doentes com desidratação, disfunção renal prévia ou uso de medicamentos nefrotóxicos.


  • Exacerbação de Asma: Alguns AINEs podem induzir ou agravar crises asmáticas em indivíduos suscetíveis.


  • Hipertensão: O uso prolongado de AINEs pode agravar a hipertensão, sendo recomendada a monitorização regular da pressão arterial.


Definição


Os Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINEs) são um grupo de fármacos com propriedades analgésicas (alívio da dor), antipiréticas (redução da febre) e, em doses mais elevadas, anti-inflamatórias. Os AINEs atuam através da inibição das enzimas ciclooxigenase (COX), especificamente as isoformas COX-1 e COX-2, responsáveis pela síntese de prostaglandinas. As prostaglandinas desempenham um papel fundamental na inflamação, dor, febre e proteção da mucosa gástrica.


Classificação:


  • AINEs Não Seletivos: Inibem tanto a COX-1 como a COX-2. Exemplos incluem ibuprofeno, naproxeno e diclofenac.


  • Inibidores Seletivos da COX-2 (Coxibes): Como celecoxib e etoricoxib, que têm menor risco de efeitos GI, mas maior risco cardiovascular.


Os AINEs são amplamente utilizados para o tratamento de condições inflamatórias, dolorosas e febris, mas o seu uso requer uma avaliação cuidadosa, especialmente em populações vulneráveis, devido aos potenciais riscos associados ao uso prolongado.

 
 
 

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