Aborto Séptico
- EmergenciasUNO
- 20 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
O aborto séptico é uma complicação grave da gravidez que requer atenção médica imediata. Define-se como uma infeção uterina severa que ocorre durante ou pouco depois de um aborto espontâneo ou induzido[1][2]. Esta condição representa uma emergência ginecológica que pode colocar a vida da paciente em risco se não for tratada de forma adequada.
Sintomas
Os sintomas do aborto séptico geralmente manifestam-se entre 24 a 48 horas após o aborto[1][2]. Estes incluem:
Calafrios
Febre (temperatura superior a 38°C)
Corrimento vaginal com odor fétido
Hemorragia vaginal
Dor abdominal ou pélvica intensa
Náuseas e vómitos
Em casos graves, podem surgir sinais de choque séptico, como hipotermia, oligúria e dificuldade respiratória[1].
Sinais clínicos
Durante a avaliação clínica, os profissionais de saúde podem observar:
Taquicardia
Hipotensão arterial
Febre persistente
Dor à palpação abdominal
Sinais de peritonite
Secreção purulenta pelo orifício cervical externo[3]
É importante salientar que a presença de um dispositivo intrauterino (DIU) durante um aborto febril deve ser considerada como um aborto séptico com possíveis manobras[3].
Exame físico
O exame físico é essencial para o diagnóstico e deve incluir:
Avaliação dos sinais vitais
Exame abdominal para deteção de dor, massas ou sinais de irritação peritoneal
Espéculoscopia para avaliação de hemorragias e presença de secreções
Toque bimanual para avaliar a altura uterina, permeabilidade do colo do útero e dor à mobilização cervical[4]
Exames complementares
Para confirmar o diagnóstico e orientar o tratamento, recomendam-se os seguintes exames:
Hemoculturas para identificação dos microrganismos causadores
Hemograma completo (espera-se leucocitose >15.000 com desvio à esquerda)
Provas de função hepática
Níveis de eletrólitos, glicose, ureia e creatinina
Tempo de protrombina (TP) e tempo de tromboplastina parcial (TTP)
Ecografia pélvica para avaliar a presença de restos ovulares e possíveis complicações[1][4]
Em casos de septicemia, deve-se investigar especificamente Streptococcus do grupo A e clostrídios[1].
Tratamento de emergência
O tratamento do aborto séptico requer uma abordagem multidisciplinar e deve ser iniciado de imediato:
Estabilização hemodinâmica: Administração de fluidos intravenosos e monitorização dos sinais vitais[3]
Antibioterapia: Deve ser iniciada empiricamente com antibióticos de largo espectro. Um esquema comum inclui clindamicina mais gentamicina, com ou sem ampicilina[2]
Evacuação uterina: O tecido infetado deve ser removido o mais brevemente possível, geralmente por dilatação e curetagem (D&C) ou dilatação e evacuação (D&E)[2]
Gestão do choque séptico: Em casos graves, pode ser necessário internamento em unidade de cuidados intensivos para suporte cardiovascular e respiratório[3]
Seguimento: Monitorização apertada da resposta ao tratamento e ajuste da terapêutica de acordo com os resultados das culturas[1]
É crucial recordar que o aborto séptico é uma condição potencialmente fatal que exige diagnóstico rápido e tratamento agressivo. A prevenção, através do acesso a serviços de saúde reprodutiva seguros e profissionais, é fundamental para reduzir a incidência desta complicação[1][2].
Citações
[2] https://www.msdmanuals.com/es/hogar/salud-femenina/trastornos-en-las-primeras-etapas-del-embarazo/aborto-séptico
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